Estivadores rompem bloqueio do patronato

PORTOS Os estivadores de Espanha forçaram a associação patronal a sentar-se à mesa, depois de alcançarem acordos bilaterais com operadores portuários.

Sindicatos promovem hoje jornada de solidariedade internacional

A associação patronal da estiva portuária de Barcelona avançou, dia 22, com uma proposta de reunião, com vista a sanar o conflito.

Os sindicatos viram a iniciativa como um passo para retomar as negociações e, em «sinal de boa vontade», decidiram suspender três dias de greve (23, 26 e 27) que estavam anunciados.

A mudança de posição do patronato deve-se à firmeza e unidade demonstradas pelos trabalhadores em sucessivas greves com adesão praticamente total.

Para superar o impasse grandes operadores nos portos de Valência, Barcelona, Algeciras subscreveram acordos, na semana passada, em que se comprometem a contratar os actuais trabalhadores. As greves passaram a atingir apenas as empresas não subscritoras.

Com estas diligências, os sindicatos não só garantiram parcialmente os seus objectivos, como provocaram a divisão na Anesco, a associação patronal das empresas de estiva, da qual já se desvincularam várias companhias hostis a um acordo que garanta a estabilidade do emprego.

A alteração na composição da Anesco torna possível uma mudança da sua posição, que vá ao encontro da principal exigência dos estivadores: a garantia da manutenção dos postos de trabalho.

Exemplo de solidariedade

O Conselho Internacional dos Trabalhadores Portuários (International Dockworkers Council ou IDC, em inglês) convocou para hoje, 29, uma paragem de duas horas em todos os portos da Europa, em solidariedade com a luta dos estivadores de Espanha e contra as políticas que visam destruir as conquistas sociais no sector, aumentar o trabalho precário e pôr em causa a segurança de emprego.

Antes do anúncio desta acção internacional, trabalhadores portuários de vários países já tinham dado provas concretas de solidariedade, recusando descarregar o navio gigante «Madrid Maersk».

O segundo maior porta-contentores do mundo, com 399 metros de comprimento e 58 metros de largura, com pavilhão dinamarquês, esteve fundeado, no início do mês, na Baía de Algeciras, onde previa efectuar a descarga.

Todavia, face ao anúncio da greve, zarpou para Antuérpia, onde aportou no passado dia 9. Aí, o capitão foi informado de que os estivares belgas não iriam operar no navio, em solidariedade com os seus colegas espanhóis.

O «Madrid Maersk» encaminhou-se então para o porto de Felixtowe, no Reino Unido, mas teve de inverter a rota antes de chegar ao destino, visto que também os estivadores britânicos rejeitaram a descarga.

O gigante dos mares seguiu para Roterdão, na Holanda, onde se deparou mais uma vez com a firme solidariedade dos estivadores do terminal FNV-Havens. Sem outro recurso, o navio teve de fazer o caminho de regresso para Algeciras, onde chegou no passado dia 19.

 



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