Milhares marcham pela dignidade em Espanha
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, dia 27, em Madrid, para rejeitar a política do governo conservador e exigir condições de trabalho e salários dignos.
Situação dos trabalhadores em Espanha é de «emergência social»
Após sete anos de crise económica, a Espanha regressou ao crescimento, mas milhões de pessoas continuam desempregadas e centenas de milhares de famílias perderam a sua casa.
Embora o desemprego oficial tenha diminuído de 27 para perto de 19 por cento, os novos postos de trabalho criados são precários, sem direitos e com salários diminutos.
Para denunciar o agravamento das condições de vida, dezenas de milhares de pessoas vindas de todas as regiões de Espanha manifestaram-se na capital sob a bandeira das Marchas da Dignidade, um movimento social unitário, apoiado por sindicatos e forças de esquerda.
A manifestação dividiu-se em seis colunas que partiram de diferentes pontos da cidade, convergindo a meio da tarde na Fonte Neptuno.
À cabeça, atrás do pano com a palavra de ordem «Pão, Trabalho, Tecto e Igualdade», desfilaram dirigentes da Esquerda Unida e do Podemos, de várias estruturas sindicais, bem como eleitos autárquicos madrilenos e membros da Coordenadora das Marchas, entre outros.
Na acção destacou-se também a presença de um grupo de estivadores, oriundos de vários portos de Espanha. Em luta há vários meses contra uma reforma liberalizadora, deixaram a mensagem de que «com unidade, esforço e disciplina» é possível alcançar os objectivos da luta.
Com efeito, dias antes, os estivadores obtiveram uma importante vitória, firmando um acordo de princípio que garante a totalidade dos postos de trabalho no sector.
No final da marcha, os organizadores leram o Manifesto em que caracterizam o actual momento como de «emergência social», lançando um conjunto de revindicações ao governo para o próximo Orçamento do Estado, nomeadamente aumento das pensões, salários e rendimento mínimo, revogação da reforma laboral ou libertação de activistas presos sob a alçada da «Lei da Mordaça».
O Manifesto apela igualmente à luta contra um regime corroído pela corrupção, «contra o capitalismo e o seu punho de ferro: A UE e a NATO».