Uma crescente ameaça

Albano Nunes

Estamos confrontados com uma intensa batalha ideológica

O perigo de uma nova guerra mundial deve ser levado muito a sério. Há muito que não se ouviam tantas vozes a estabelecer paralelismos com a situação que precedeu a guerra de 1939/45 e a considerar que o mundo se encontra na antecâmara de uma 3.ª guerra mundial e até que esta pode já estar em marcha. Vozes realmente inquietas umas, de pura diversão e chantagem outras. Mas predominando aquelas que ignoram as causas económicas e sociais da guerra, sendo particularmente ruidosas as que tendem a banalizá-la, a justificá-la e a considerá-la inevitável procurando assim desmobilizar a luta para a impedir. Em torno da questão vital da guerra e da paz, e numa situação em que existem colossais arsenais de armas nucleares e os EUA anunciam a disposição de as usar «preventivamente», estamos confrontados com uma intensa batalha ideológica cujo desenlace é decisivo para o próprio destino da Humanidade.

O alerta que o PCP lançou no seu XX Congresso quanto ao perigo de uma guerra de incalculáveis proporções está solidamente fundamentado. Tal perigo resulta desde logo da hegemonia mundial do sistema capitalista cuja natureza exploradora e agressiva e insanáveis contradições – como Lénine demonstrou em «O imperialismo, fase superior do capitalismo» – conduzem necessariamente à guerra se não encontrar pela frente uma poderosa oposição. Resulta depois da desenfreada corrida aos armamentos e na generalização de operações de desestabilização e agressão militar, em que avulta o reforço e expansão planetária da NATO como braço armado do imperialismo, e da constatação de que os sectores mais reaccionáros e agressivos do grande capital jogam cada vez mais no fascismo e na guerra como «saída» para o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo.

Nos três meses que decorreram desde o XX Congresso não só se confirmaram as análises do PCP como se tornou ainda mais séria a situação. Obama, com o carrocel de medidas agressivas em que se empenhou até ao último dia do seu mandato, deixa um impressionante legado belicista. Quanto à nova administração norte-americana se algo é já inteiramente claro é a gravidade da sua anunciada «política de Segurança e Defesa». Depois de jurar fidelidade à NATO, depois de servir de pretexto para que os aliados europeus dos EUA declarassem o seu empenho em aumentar as despesas militares para 2% do PIB e para que a União Europeia se lançasse no fortalecimento de uma «Europa da Defesa» com os imensos custos sociais que implicará, depois de tudo isto, Donald Trump anuncia ao mundo com pompa e circunstância «um exército maior, melhor e mais forte do que nunca» e um «histórico» reforço de 10% das verbas destinadas ao Pentágono, a par do aumento dos orçamentos da Segurança Interna e da Justiça, ou seja, da componente coerciva da super potência imperialista. Haverá quem não repare ou não dê importância a notícias como esta, de tal forma a sua multiplicação banalizou já a corrida aos armamentos e os preparativos de guerra. É esse o maior perigo. Temos de o combater com persistência.




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