Administração Local, indústria e ambiente,
comércio, educação, seguros, hotelaria

Razões para mais luta

Em greves, con­cen­tra­ções e ple­ná­rios, mi­lhares de tra­ba­lha­dores de muito di­fe­rentes sec­tores e pro­fis­sões mos­tram, por estes dias, que estão de­ter­mi­nados a elevar as formas de luta, para con­quis­tarem me­lhores sa­lá­rios e de­fen­derem as car­reiras pro­fis­si­o­nais e o di­reito à ne­go­ci­ação co­lec­tiva.

Os tra­ba­lha­dores mo­bi­lizam-se por mais justos au­mentos dos sa­lá­rios

Para re­clamar au­mentos sa­la­riais e pro­gressão na car­reira (equi­pa­rando a si­tu­ação dos ope­ra­dores de ar­mazém à dos ope­ra­dores de su­per­mer­cado), os tra­ba­lha­dores da Lo­gís­tica da Sonae, na Azam­buja e na Maia, fazem greve desde as 23h30 de hoje, até às 2h00 de sá­bado, dia 25.
O CESP/​CGTP-IN exige que as em­presas da Sonae acabem com a in­jus­tiça de, sem pro­gressão na car­reira, manter tra­ba­lha­dores du­rante 10 ou 20 anos com o sa­lário mí­nimo na­ci­onal, tal como os que en­traram mais re­cen­te­mente. Na Azam­buja, sexta-feira de manhã, es­tará com o pi­quete de greve o Se­cre­tário-geral da In­ter­sin­dical, Ar­ménio Carlos.

Ter­mina amanhã, em Se­túbal (abran­gendo ainda Lisboa, Beja, Évora e Faro), o ciclo de ple­ná­rios inter-re­gi­o­nais de ac­ti­vistas que o Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local ini­ciou no dia 15, no Porto (também com os dis­tritos de Braga, Bra­gança, Viana do Cas­telo e Vila Real), e que iria pros­se­guir, ontem, em Coimbra (in­cluindo Aveiro, Cas­telo Branco, Guarda, Leiria, Por­ta­legre, San­tarém e Viseu).
O STAL/​CGTP-IN pre­tendeu, assim, mo­bi­lizar os fun­ci­o­ná­rios de au­tar­quias, em­presas pú­blicas e con­ces­si­o­ná­rias para a luta pela re­cu­pe­ração do poder de compra e pela re­va­lo­ri­zação das car­reiras.
No Porto, onde se reu­niram mais de 200 ac­ti­vistas, foi apro­vada uma re­so­lução – que, no es­sen­cial, iria ser co­lo­cada nos ou­tros dois ple­ná­rios inter-re­gi­o­nais – em que se de­fende, com ur­gência, o au­mento real dos sa­lá­rios e pen­sões, em quatro por cento, as­se­gu­rando um mí­nimo de 50 euros.
O STAL re­clama igual­mente o des­con­ge­la­mento da pro­gressão nas po­si­ções re­mu­ne­ra­tó­rias; a ac­tu­a­li­zação do sa­lário mí­nimo na­ci­onal para 600 euros; a ac­tu­a­li­zação do sub­sídio de re­feição para 6,50 euros; a re­po­sição dos va­lores do tra­balho ex­tra­or­di­nário e ou­tras pres­ta­ções re­mu­ne­ra­tó­rias; a re­dução, para 1,5 por cento, do des­conto para a ADSE; a al­te­ração dos es­ca­lões de IRS; a re­po­sição de um re­gime de car­reiras digno, com­ba­tendo a po­li­va­lência e a fle­xi­bi­li­dade, re­cu­pe­rando o di­reito de evo­lução (pro­gres­sões e pro­mo­ções) e va­lo­ri­zando as re­tri­bui­ções; e a re­gu­la­men­tação do su­ple­mento de in­sa­lu­bri­dade, pe­no­si­dade e risco, um di­reito con­quis­tado há 19 anos e que nunca foi apli­cado à Ad­mi­nis­tração Local.
Na re­so­lução, as­si­nala-se que «o poder de compra dos tra­ba­lha­dores e pen­si­o­nistas da Ad­mi­nis­tração Pú­blica Cen­tral e Local está hoje ao nível de 1997» e que, «mesmo de­pois da eli­mi­nação dos cortes sa­la­riais, im­postos em 2010, o sa­lário lí­quido con­tinua a ser in­fe­rior ao au­fe­rido em 2010». O STAL vinca que «esta brutal des­va­lo­ri­zação sa­la­rial atinge com par­ti­cular gra­vi­dade os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local», dos quais «cerca de 76 por cento não be­ne­fi­ci­aram de qual­quer re­po­sição sa­la­rial», sendo que «49,2 por cento dos tra­ba­lha­dores (as­sis­tentes ope­ra­ci­o­nais, ope­rá­rios, au­xi­li­ares) têm como re­mu­ne­ração-base média mensal bruta 637,30 euros e como ganho médio mensal bruto 777,80 euros».

De se­gunda-feira até hoje, a Fen­prof de­cidiu pro­mover ple­ná­rios de pro­fes­sores con­tra­tados em todas as es­colas pú­blicas de en­sino ar­tís­tico es­pe­ci­a­li­zado, para ana­lisar ac­ções a de­sen­volver, pe­rante o des­fecho das ne­go­ci­a­ções sobre a re­visão do re­gime de con­cursos. Na versão final do Go­verno, mantém-se a ex­clusão deste do­centes.

O Sin­di­cato da Ho­te­laria do Al­garve con­vocou greve de 24 horas para 28 de Fe­ve­reiro, em todos os es­ta­be­le­ci­mentos do Grupo Pes­tana na re­gião, para que a terça-feira de Car­naval seja ali con­si­de­rada como fe­riado e que o tra­balho pres­tado nesse dia seja re­mu­ne­rado com o cor­res­pon­dente acrés­cimo, como su­cede no resto do País.

 

Quin­zena

A abrir a «quin­zena de acção e luta» que a Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN pro­move até 10 de Março, os tra­ba­lha­dores da Va­lorsul e da Amarsul des­locam-se hoje, de manhã, à sede da Mota-Engil, onde re­a­lizam um ple­nário geral con­junto, no qual par­ti­cipa também o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, Ar­ménio Carlos.
Os sa­lá­rios não são ac­tu­a­li­zados desde 2009 e, com a pri­va­ti­zação do Grupo EGF, os novos ac­ci­o­nistas mai­o­ri­tá­rios apres­saram-se a di­vidir os re­sul­tados acu­mu­lados (em parte, à custa do corte nos sa­lá­rios), re­cu­sando-se a cum­prir o di­reito de ne­go­ci­ação co­lec­tiva e, em geral, os acordos de em­presa em vigor.

Para amanhã, estão con­vo­cadas greves de 24 horas, na Thys­sen­Krupp Ele­va­dores e na Tesco. Em ambos os casos, foram mar­cadas con­cen­tra­ções fora das em­presas e novas greves estão anun­ci­adas para Março.
O início da «quin­zena de acção e luta» foi pre­ce­dido de ple­ná­rios, reu­niões e con­tactos, nas úl­timas duas se­manas, para de­cidir com os tra­ba­lha­dores as ac­ções a re­a­lizar, para «exigir res­postas do pa­tro­nato e do Go­verno a pro­blemas que são co­muns aos tra­ba­lha­dores das in­dús­trias me­ta­lúr­gicas, quí­micas, eléc­tricas, far­ma­cêu­tica, ce­lu­lose, papel, grá­fica, im­prensa, energia e minas». Ao di­vulgar as ac­ções pro­gra­madas, a Fi­e­qui­metal des­tacou o au­mento geral dos sa­lá­rios, a de­fesa dos di­reitos, a me­lhoria das con­di­ções de tra­balho, a re­dução do ho­rário de tra­balho para as 35 horas se­ma­nais e o fim dos vín­culos pre­cá­rios.

A agenda desta «quin­zena» in­clui greves na Bosch Car Mul­ti­média e na Delphi, ambas em Braga, no dia 27.
Nesta mesma se­gunda-feira en­tram em greve, até 4 de Março, os tra­ba­lha­dores da Be­ralt Tin and Wol­fram (Mina da Pa­nas­queira).
Os tra­ba­lha­dores da Randstad no call center da EDP em Lisboa (Parque das Na­ções e Quinta do Lam­bert), em ple­ná­rios na se­mana pas­sada, de­ci­diram marcar greve para dia 28, para ga­rantir o di­reito à terça-feira de Car­naval, e para 28 de Março, as­so­ci­ando as rei­vin­di­ca­ções à par­ti­ci­pação na ma­ni­fes­tação do Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude, contra a pre­ca­ri­e­dade.
Para 1, 2 e 3 de Março, está mar­cada greve na Mul­ti­auto (es­ta­be­le­ci­mentos em Se­túbal, Beja, Évora e Sines). No dia 2, a apre­sen­tação dos re­sul­tados do Grupo EDP será mar­cada com uma con­cen­tração junto da sede da eléc­trica. Os tra­ba­lha­dores do con­sórcio da ma­nu­tenção da re­fi­naria de Sines da Pe­trogal re­a­lizam uma con­cen­tração, no dia 3. Para dia 7 está agen­dada uma con­cen­tração de tra­ba­lha­dores da Im­prensa Na­ci­onal Casa da Moeda.

 

Ro­teiro

A União dos Sin­di­catos de Évora e o Si­napsa re­a­li­zaram, no dia 17, sexta-feira, uma ini­ci­a­tiva de in­for­mação e sen­si­bi­li­zação junto dos tra­ba­lha­dores do call center da Fi­de­li­dade, na ca­pital do dis­trito. A fun­ci­onar há cerca de 15 anos, já por ali pas­saram sete em­presas de tra­balho tem­po­rário. Hoje, os mais de 500 tra­ba­lha­dores ocupam postos de tra­balho per­ma­nentes, mas com con­tratos tem­po­rá­rios, acusa a es­tru­tura dis­trital da CGTP-IN.
A ini­ci­a­tiva in­seriu-se no «ro­teiro contra a pre­ca­ri­e­dade», que volta a ter ali uma acção dis­trital a 14 de Março.
No dia 2 de Fe­ve­reiro, a União dos Sin­di­catos do Norte Alen­te­jano e o Sin­di­cato dos Pro­fes­sores da Zona Sul aler­taram, no local, para a ele­vada pre­ca­ri­e­dade no Agru­pa­mento de Es­colas de Ponte de Sor, que atinge do­centes e não do­centes, agra­vada pela falta de pes­soal.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Contas de privatizações

Re­dução de pes­soal, de­gra­dação da qua­li­dade dos ser­viços, au­mento de preços e ta­rifas – os alertas sobre as con­sequên­cias das pri­va­ti­za­ções surgem agora sob a forma de factos... e de pro­testos justos.

Alargue-se o progresso

Na dis­cussão sobre por­ta­rias de ex­tensão de con­tratos co­lec­tivos de tra­balho, a CGTP-IN re­alça a ur­gência de pôr fim ao blo­queio pa­tronal da ne­go­ci­ação e avisa que só devem ser es­ten­didos «con­teúdos va­lo­ra­tivos».

Acordo salarial na Orica

Depois de ter sido formalizada a convocação de greve a todo o trabalho suplementar prestado aos sábados, domingos e feriados, a administração da fábrica de explosivos da Orica Mining Services, em Aljustrel, recuou nas suas posições e...

Protesto em Marvila

Trabalhadores não docentes da Escola Básica 2,3 de Marvila, em Lisboa, fecharam o estabelecimento durante duas horas, no dia 15, quarta-feira, de manhã, exigindo que o Ministério da Educação reveja a portaria sobre rácios de funcionários, que ali se mostra...