Acordos de livre comércio e serviços

Retrocessos e desregulação

O PCP reafirmou no Parlamento a sua objecção total aos acordos de livre comércio e serviços, designadamente ao Acordo Económico e Comercial Global (CETA) entre a União Europeia e o Canadá, sustentando que tais acordos visam «avançar ainda mais na liberalização do comércio e serviços» e «eliminar quaisquer barreiras ao domínio das grandes multinacionais sobre as economias de estados soberanos».

Aos tratados de livre comércio e serviços «ditados pelos interesses do capital internacional» o PCP contrapõe a celebração de «acordos de cooperação mutuamente vantajosos», que respeitem e salvaguardem a soberania nacional, correspondam às necessidades e interesses dos povos, defendam e promovam os direitos sociais, laborais e democráticos.

Esta posição foi expressa pela deputada comunista Carla Cruz em debate parlamentar, no passado dia 12, suscitado por projectos de resolução apresentados pela sua bancada, pelo PEV, BE e PAN e por uma petição da iniciativa da Plataforma Não ao Tratado Transatlântico. Dos quatro diplomas apenas mereceram aprovação o do PAN e o do PEV (este somente em alguns dos seus pontos), tendo os dois restantes sido chumbados com os votos contra do PSD, PS e CDS-PP.

Avaliando esse processo de negociações iniciado em 2009 entre a UE e o Canadá destinado a firmar o CETA, Carla Cruz considerou que todo ele foi marcado por um «profundo défice democrático e com pressões e chantagens sobre os povos que têm levantado a voz contra este acordo», bem como pela tentativa de que o acordo entre em vigor sem a ratificação dos estados-membros.

Expondo com maior detalhe as razões que levam o PCP a rejeitar de forma categórica este acordo e a pugnar pela sua não ratificação, a parlamentar comunista anotou que o faz para impedir, por um lado, que haja um retrocesso nos direitos sociais, laborais, ambientais e de saúde pública, e, por outro lado, para que não se agrave o nível de «desregulação, desprotecção e destruição da capacidade produtiva».

Na mesma linha se pronunciou no essencial o deputado ecologista José Luís Ferreira ao denunciar o «secretismo e a falta de transparência» do processo com vista a um acordo que, em sua opinião, «dá resposta à exigência das multinacionais».

Já o PSD, pela voz de Carlos Gonçalves, disse que o «acordo entre a UE e o Canadá é um marco nas relações do comércio livre, um modelo de referência para o futuro e interessa a Portugal». Lara Martinho, em nome do PS, não andou muito longe na argumentação e, embora dizendo compreender as preocupações relativamente a um acordo «tão complexo», afirmou-se igualmente favorável ao acordo frisando que «permitirá um crescimento e desenvolvimento sustentáveis para o nosso País».




Mais artigos de: Assembleia da República

Estímulo e apoio às MPME

O PCP propõe 12 medidas de estímulo e apoio à actividade das Micro, Pequenas e Médias Empresas, nomeadamente a extinção do Pagamento Especial por Conta (PEC) em 2018 e apoios no capítulo dos combustíveis e energia.

Sobrepor a saúde ao lucro

O PCP reafirmou no Parlamento a sua rejeição ao modelo de parcerias público-privadas (PPP), defendendo que «só a gestão pública das unidades de saúde garante o princípio da igualdade e da universalidade».

É preciso ir mais longe

O PCP defende a integração dos doutorados na carreira de Investigação Científica, findo os prazos contratuais previstos como limite máximo.

Agendado debate pela revogação

Estava agendada para ontem, 25, a apreciação parlamentar requerida pelo PCP ao diploma que reduz a Taxa Social Única das empresas como contrapartida ao aumento do Salário Mínimo Nacional. A bancada comunista discorda deste bónus concedido às...

«Chumbo» sem explicação

O Grupo Parlamentar do PCP requereu anteontem, 24, através da comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Desporto e Juventude, o envio à Assembleia da República do parecer com o qual o Conselho de Opinião da RTP fundamenta o «chumbo» do jornalista...