Construtores da liberdade

Margarida Botelho

«Uma comunicação social pluralista, democrática e responsável» é um dos elementos do regime de liberdade que o PCP propõe ao povo no seu Programa.

Há avanços tecnológicos que podem dar a ideia de que pode haver comunicação social sem profissionais. Um simples telemóvel é capaz filmar e transmitir acontecimentos de e para qualquer ponto do globo. Teorias como as do «cidadão jornalista» fazem as delícias das multinacionais do sector da comunicação, que tratam jornalistas como «produtores de conteúdos» e substituem repórteres por bloggers.

O PCP não acredita numa comunicação social pluralista, democrática e responsável contra, apesar ou sem jornalistas. Garantir os seus direitos e dos outros profissionais da informação, respeitar os seus princípios éticos e deontológicos, é determinante para que a comunicação cumpra o seu papel essencial ao regime democrático.

Tem por isso importância que o 4º Congresso dos Jornalistas tenha aprovado por unanimidade uma declaração final que considera «que as condições de trabalho – dimensão reduzida das redações com os despedimentos, precariedade, baixos salários e falta de tempo – estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas.» Que «a legislação laboral tem de ser cumprida em Portugal no setor do jornalismo, sendo urgente uma ação rápida e eficaz da Autoridade para as Condições de Trabalho para acabar com os falsos estágios, os falsos recibos verdes e os falsos contratos de prestação de serviço».

Num congresso em que, entre outros aspectos, a decisão da comissão organizadora de convidar os patrões para no debate de encerramento responderem à questão «E agora?» suscitou naturais críticas, a determinação manifestada pelos jornalistas em defender a sua profissão é meio caminho andado para assegurar o carácter democrático da comunicação social. Uma determinação que tem que passar pelo reforço da unidade e da luta dos jornalistas em defesa dos seus direitos laborais, da valorização dos seus salários, da estabilidade dos seus vínculos, das condições para serem construtores do regime de liberdade a que o povo português aspira.




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