Será pedir demais?...
O jornal «Negócios» informava na passada terça-feira que «a eventual nacionalização do Novo Banco, o “banco de transição” nascido dos despojos do BES, enfrenta dois obstáculos em Bruxelas, para as quais Mário Centeno terá de preparar argumentos técnicos e jurídicos». E advertia que «não se advinham negociações fáceis».
Ou seja, por imposição de Bruxelas o Novo Banco só tem uma saída: a venda. Uma só saída, não! protestam indignados alguns economistas. Sejamos justos! também há uma regra europeia que admite a «nacionalização temporária».
A lógica da «nacionalização temporária» é extremamente simples. Nacionaliza-se o banco, o Estado assume os prejuízos (as chamadas «imparidades» nomeadamente por crédito mal parado), «tapa o buraco» (geralmente um «buracão») com o dinheiro público (ou seja, do povo português) e depois… bem, depois… com o banco a funcionar plenamente, privatiza-se de novo, ou seja, passa-se da esfera pública para a esfera privada o que o Estado ali investiu para tapar os tais buracos. Quem não se lembra do caso BPN?...
Este obstáculo de Bruxelas é mais um bom exemplo a dar razão ao PCP. Primeiro, que para assegurar o seu desenvolvimento soberano, ou seja, para pôr o povo português a decidir do seu destino (que inclui decidir o destino da sua banca, dos seus recursos financeiros) é preciso libertar o País da submissão à União Europeia e aos seus instrumentos de domínio e ao euro (face visível da mesma moeda); segundo, que é preciso libertar Portugal do domínio do capital monopolista o que implica também a renegociação da dívida com a qual nos sacam os recursos; terceiro, que o que o PCP defende é o controlo público da banca, portanto o controlo público do Novo Banco, ao serviço do desenvolvimento do País.
Ou seja, o que o PCP quer mesmo é que se reponha a nossa soberania financeira, monetária, orçamental e cambial sem a qual a soberania política não existe. Ou será pedir demais exigir que seja o povo português a mandar em Portugal?...