O movimento operário e sindical

Paulo Raimundo
Membro da Comissão Política do Comité Central

Permitam-me que da tribuna do nosso XX Congresso envie uma saudação ao movimento operário e a todos os trabalhadores cujo exemplo, coragem e determinação animaram a luta de diversos sectores, e que quando tudo parecia inevitável e muitos baixavam os braços, lá estavam nas empresas, locais de trabalho e nas ruas a resistir e a lutar, afirmando-se como o grande motor da luta de massas.

Uma saudação que se estende ao movimento sindical unitário e à grande central sindical dos trabalhadores portugueses, a CGTP – Intersindical Nacional.

Solidez de princípios e de objectivos, uma firme orientação de classe, capacidade agregadora, de unidade e mobilização afirmaram a CGTP como a mais determinante organização de massas na resistência ao pacto de agressão e à política de exploração e empobrecimento.

E uma das maiores responsáveis pela derrota social, política e eleitoral do governo PSD/CDS, abrindo dessa forma caminho para a nova fase da vida política nacional.

Nova fase que coloca exigências acrescidas ao Movimento Sindical Unitário e aos trabalhadores, desde logo na necessidade de intensificar a luta pela reposição e conquista de direitos e pelas respostas aos problemas mais imediatos, assim como o cada vez mais urgente e necessário contributo para a mobilização dos trabalhadores para a ruptura com a política de direita e pela alternativa necessária ao País e ao serviço dos trabalhadores, a alternativa patriótica e de esquerda.

Exigências acrescidas num momento em que muitos apelam ao conformismo e à chamada «paz social» ou procuram dar abraços de urso com o dito «diálogo social» e «concertação», apelos e manobras aos quais o movimento sindical de classe responde com a luta nos sectores, nas empresas e nos locais de trabalho, ganhando por baixo o que tentam tirar ou limitar por cima.

Quando os mesmos de sempre se preparam para cumprir o seu papel histórico de traição e entregar de bandeja direitos dos trabalhadores, o movimento sindical unitário responde ao divisionismo com a organização e a unidade dos trabalhadores em torno de objectivos concretos.

Quando se intensifica a luta ideológica, com o surgimento de estruturas auto-intituladas de inovadoras e «modernas», quando se desenvolve ataques contra o sindicalismo de classe com vista à sua descaracterização e integração no sistema, o movimento sindical de massas responde com a acção integrada nas empresas e locais de trabalho, com a sindicalização, com o rejuvenescimento das estruturas sindicais.

Quando muitos afirmam o seu desejo de morte do movimento sindical de classe, classificando-o como ultrapassado, afastado dos trabalhadores e em particular das novas gerações, aí está a resposta que se impõe: mais de 120 mil trabalhadores, 20 mil dos quais com menos de 30 anos, sindicalizaram-se neste movimento sindical de classe, unitário e de massas, nos últimos quatro anos.

120 mil novos sindicalizados, mais força à luta organizada, mais sindicato nas empresas, mais exigência de militância sindical, mais unidade dos trabalhadores e da sua luta.

É esta a melhor resposta a dar às velhas, mas sempre apresentadas como novas, teorias da capitulação.

Uma força determinante

O desenvolvimento da acção e luta reivindicativa, aumento geral dos salários com destaque para o salário mínimo nacional, combate à precariedade, à desregulação dos horários de trabalho e a exigência da sua redução, reposição do direito à contratação colectiva, entre outros objectivos, é esta a resposta, é este o caminho, é esta a luta que se trava todos os dias, lá onde é mais difícil mas onde é mais decisiva: nas empresas e locais de trabalho.

Uma luta com avanços e recuos, de resistência e de vitórias, uma luta para a qual o movimento sindical unitário terá nos comunistas que nele participam aqueles que estarão sempre na primeira linha desse combates.

Se é do interesse dos trabalhadores que o seu movimento sindical mantenha e aprofunde as suas características unitárias, de classe, de massas, que seja cada vez mais combativo e reivindicativo, a maior garantia para que assim seja passa pela participação e influência dos comunistas no movimento sindical.

Esta é a garantia para que, com todos aqueles que tendo diversas opções políticas, ideológicas ou religiosas se construa a unidade em torno do que realmente é importante, em torno dos interesses de classe dos trabalhadores.

É esta a nossa postura e prática, é também por isto que os trabalhadores confiam, reconhecem e elegem comunistas para as suas estruturas.

Este é o nosso compromisso: o que nos move é o reforço do movimento sindical; a acção integrada nas empresas e locais de trabalho, promovendo a sindicalização e o reforço da organização de base; elevação da militância sindical; levar por diante as medidas necessárias de reestruturação que garantam as condições para melhorar a intervenção sindical; contribuir para a unidade, mobilização e luta dos trabalhadores.

O Movimento Sindical Unitário, com os seus objectivos, acção, autonomia e identidade própria reafirmadas recentemente no 13.º congresso da CGTP, continua e continuará a ser, contra a vontade do patronato e dos grandes interesses, uma força social determinante, mobilizadora e dinamizadora da luta de massas contra o grande capital e pela ruptura com a política de direita.

Uma luta pelo progresso e emancipação dos trabalhadores, pela urgente e necessária alternativa patriótica e de esquerda, uma luta que travada todos os dias é parte constituinte da afirmação da democracia avançada e dos valores de Abril no futuro do Portugal.

Uma luta de construção permanente, tendo no horizonte o objectivo supremo do movimento operário, dos trabalhadores, dos explorados: a sua libertação dos exploradores, a sociedade sem classes o Socialismo e o Comunismo.

Se é verdade que o inimigo é poderoso e o caminho a percorrer é eventualmente longo, a cada novo sindicalizado, a cada luta que travamos, a cada vitória alcançada, mais perto ficamos desses exigentes objectivos.

 



Mais artigos de: Em Foco

Um ano em imagens

Resumir em imagens um ano de luta e de intervenção, de marcantes acontecimentos políticos e sociais no País e no mundo, é sempre uma tarefa difícil e particularmente ingrata. Desde logo porque implica uma selecção, com toda a...

Intervenções<br>no XX Congresso

Prosseguimos neste número a publicação de intervenções e saudações proferidas no XX Congresso do PCP, realizado em Almada de 2 a 4 de Dezembro. Subtítulos da responsabilidade da Redacção

O sistema público de Segurança Social

Na senda dos governos anteriores, o governo PSD/CDS, ancorado no pacto de agressão e a pretexto da crise, desencadeou um dos mais profundos ataques da política de direita à Segurança Social. Subverteu os princípios de justiça distributiva que...

Sobre informação, propaganda<br>e comunicações electrónicas

O mundo vive uma acentuadada agudização da luta de classes. No plano ideológico e comunicacional a ofensiva imperialista, apoiada na rede de multinacionais da comunicação, assume enorme dimensão, com o objectivo de mistificar a natureza exploradora e...

Política de quadros

Desde o XIX Congresso, enfrentámos particulares exigências, novas tarefas e desafios, intensa actividade que não teria sido possível sem o empenhamento, esforço e dedicação de milhares de quadros do Partido. E aprovámos um conjunto...

Sobre a dívida pública

Um país endividado, sob permanente pressão, tutela e chantagem das instituições europeias, um país que não dispõe de política monetária, cambial e cada vez menos orçamental; um país em que boa parte das empresas...

A luta e a unidade anti-imperialista.<br>A luta pela paz

Vivemos um momento internacional particularmente complexo marcado pelo aprofundamento da crise estrutural do capitalismo em que o imperialismo intensifica a sua ofensiva violenta e multifacetada, com o agravamento da insegurança e instabilidade da situação na Europa e no...

Defesa Nacional e Forças Armadas

Falar da política de Defesa Nacional e Forças Armadas é falar do processo progressivo de transformação e padronização das Forças Armadas tendente à satisfação dos objectivos da NATO e da sua inserção...

Partido Comunista de Cuba

Não podíamos começar esta mensagem que vos dirigimos sem referir a profunda consternação que sofremos, o povo cubano, os povos latino-americanos e os povos do mundo. «Cuba está de luto. Cuba está de luta!». A 25 de Novembro de...

MPLA

Trazemos para todos vós uma saudação fraterna da Direcção do MPLA, dos seus militantes e simpatizantes que formulam votos de sucesso nos trabalhos do vosso Congresso. A realização deste Congresso é mais um exercício de...