O terrorismo e a guerra

Ângelo Alves

A instabilidade internacional atingiu níveis quase impensáveis há alguns anos. As suas causas radicam, como sempre afirmámos, numa deriva violenta, reaccionária, agressiva e militarista das classes dominantes e dos governos das grandes potências imperialistas. A sucessão vertiginosa de acontecimentos não nos deve, nem pode, turvar a visão global e de fundo. É na crise do capitalismo, na sua natureza de classe e contradições, e na reacção do imperialismo a essa crise, que estão as fundas causas dos recentes acontecimentos.

Os três ataques de segunda feira não aconteceram por acaso. Ocorrem num momento extremamente importante para os desenvolvimentos da guerra imperialista na Síria, em que se confirma as verdades sobre quem está, e sempre esteve, por detrás daquela guerra de agressão; num momento em que a «coligação» dos EUA, NATO, Turquia e petro-ditaduras do Golfo Pérsico não só sofre uma pesada derrota, como começa a registar importantíssimas fissuras.

O que os três ataques, cada um com um objectivo concreto, demonstram, é que a guerra na Síria, e em geral no Médio Oriente, está longe de estar terminada. O assassinato do embaixador russo visou limitar complexas negociações entre Turquia, Irão e Federação Russa relativas a soluções diplomáticas para a guerra na Síria. O ataque em Berlim visou reavivar o sentimento de medo e terror na Europa, que justifique mais guerra e mais medidas securitárias, como aliás Hollande já veio afirmar. Pode ser aliás o clique, e o lastro psicológico, por detrás de uma ainda maior e mais directa escalada de guerra imperialista na Síria e Iraque. O ataque de Zurique, num centro de oração islâmico, tem como objectivo manter a tensão religiosa com que se tenta envolver o conflito no Médio Oriente.

Os três convergem num mesmo propósito. Não permitir que a vitória do legítimo governo sírio em Alepo atinja dois objectivos: 1 – Desmascarar quem são de facto os terroristas (circulam as notícias de dezenas de agentes de forças especiais ligados à NATO e às petro-monarquias cercados ou mesmo já capturados em Alepo) 2 – Abrir campo a compromissos negociais que envolvam um dos responsáveis da guerra: a Turquia. Para impedir estes dois objectivos vale tudo. Como sempre, o terrorismo serve os interesses da reacção e do imperialismo.




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