Alepo

João Frazão

Por estes dias entra-nos pelos olhos o cortejo de horrores de uma batalha a que pretendem que assistamos quase em directo. Mortes, desalojados, fome, imagens de crianças ensanguentadas, destruição, tudo nos é serviço de bandeja, embrulhado no pano da acusação ao governo sírio e aos que o apoiam na defesa da soberania e integridade do seu território.

A campanha é clara. A partir das centrais mundiais de desinformação, ao serviço dos interesses do imperialismo, o objectivo é diabolizar o governo sírio e mesmo questionar a sua legitimidade para defender o seu povo de ataques internos ou externos.

Os que hoje sofreram uma pesada derrota com a vitória do governo sírio em Alepo querem fazer esquecer quem promoveu (e promove), apoiou (e apoia) e financiou (e continua a financiar) os movimentos terroristas que prolongam uma guerra que já custou milhares de vidas e vai destruindo aquele país. A que não será alheio o manto de silêncio lançado sobre notícias que referem a detenção de oficiais de exércitos e serviços de informação de países como os EUA, a Turquia ou a Arábia Saudita, exactamente em Alepo, onde não estariam a fazer turismo, presume-se.

Querem fazer esquecer as movimentações do imperialismo e dos seus aliados na região, que alimentaram ódios e acções aventureiras que desestabilizaram todo Norte de África, de que a Líbia é apenas um dos mais expressivos exemplos.

Como parte da linha confusionista em curso, procura-se amalgamar as responsabilidades, ilibando os principais culpados e seus mentores.

Neste objectivo, insere-se o debate, na passada semana, na AR, de um Voto de Repúdio do BE, em que os autores nem por uma vez referem a acção hedionda do chamado «Estado Islâmico» contra o qual a Síria, com o apoio da Rússia, tem desenvolvido uma ofensiva sem tréguas, como aliás qualquer um de nós exigiria.

Condenar crimes contra as populações, qualquer um condenará; rejeitar a violação dos direitos humanos (mesmo sabendo que o conteúdo desta expressão é muito diverso, dependendo do ângulo de classe pela qual se observe!), todos rejeitarão, mas os autores de um tal texto não desconhecerão que, objectivamente, ele branqueia os horrores dos verdadeiros responsáveis de uma situação que nenhum de nós deseja.

 



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