Fortalecer a luta anti-imperialista

Pedro Guerreiro (Membro do Secretariado)

Na actual situação internacional, a ofensiva do imperialismo, protagonizada pelo imperialismo norte-americano e seus aliados, constitui a principal ameaça com que os povos do mundo se confrontam.

O imperialismo não é omnipotente e a sua ofensiva não é imparável

Image 21707

Na sequência dos acontecimentos que marcaram o século XX, os Estados Unidos tornaram-se a potência hegemónica do mundo capitalista. Com o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo – corroído por contradições –, o advento de novos países na cena internacional e o consequente declínio do seu peso económico relativo no plano mundial, os Estados Unidos lançam-se na tentativa da salvaguarda e imposição da sua supremacia, utilizando o seu grande poderio económico, científico-tecnológico, militar e político-ideológico. Intento estratégico que os resultados das recentes eleições norte-americanas, com a vitória de Donald Trump para a presidência, não colocam em causa.

A investida levada a cabo pelo imperialismo norte-americano em articulação com os seus aliados, encerrando importantes contradições, tem um carácter global, multifacetado e concertado, nomeadamente no campo económico, político-ideológico e militar. A sua componente mais agressiva tem sido dirigida contra toda e qualquer força ou poder que não se submeta e lhe resista, representando um sério perigo para a paz no mundo.

Através da instauração de relações de dependência, da ingerência e da guerra, o imperialismo procura obstaculizar, e mesmo impedir, o exercício da soberania nacional, visando particularmente estados que considere representarem, de alguma forma, um factor de contenção e resistência à imposição dos seus interesses e domínio.

Os EUA, a NATO, a UE, com os seus aliados, são responsáveis por todos os grandes conflitos militares da actualidade. Equiparar a sua acção agressiva a países que afirmam e defendem a sua soberania, independência e direito ao desenvolvimento, que se posicionam, agem e articulam no plano internacional no respeito da Carta das Nações Unidas, que não aceitam o isolamento e apoiam os povos e estados vítimas do bloqueio, desestabilização e agressão imperialista, seria menosprezar, e mesmo branquear, os objectivos da actual investida do imperialismo e os sérios perigos que esta representa para os trabalhadores e os povos do mundo.

O imperialismo não é omnipotente. A sua ofensiva não é imparável e irreversível. Os povos resistem e lutam. Entre outros marcantes exemplos, assume particular importância e significado a resistência da Síria e do seu povo – e do apoio que esta recebe – na luta em defesa da soberania e integridade territorial da sua pátria, face à agressão dos Estados Unidos e seus correlegionários.

Convergência e cooperação

O actual quadro internacional demonstra a importância de fortalecer a convergência e a cooperação dos comunistas com outras forças patrióticas, progressistas e revolucionárias, numa ampla frente anti-imperialista. Este é o caminho para travar a ofensiva do imperialismo e abrir caminho a uma viragem na situação internacional, no sentido da paz, da soberania e do progresso social.

Para a concretização de tal objectivo é fundamental o papel e a acção dos comunistas. A convergência e unidade na acção em torno de objectivos concretos e imediatos dos partidos comunistas com outras forças que resistem à imposição do domínio hegemónico do imperialismo, não significa uma abdicação do seu ideal e projecto revolucionários. Na base da análise concreta de cada situação concreta, a aproximação e cooperação dos comunistas – com a afirmação dos seus objectivos próprios e sem diluição da sua identidade – a outras forças com carácter e posicionamento anti-imperialista é propiciadora da criação das condições para levar mais longe a resistência e a luta dos trabalhadores e dos povos em defesa dos seus direitos e soberania, a luta por transformações progressistas e revolucionárias.

Neste sentido, é necessária a existência de fortes e influentes partidos comunistas e de outras forças revolucionárias, o fortalecimento do movimento comunista e revolucionário internacional e a sua cooperação. Agindo de acordo com o princípio do internacionalismo proletário, o PCP empenha-se na solidariedade recíproca e na cooperação entre partidos comunistas, contribuindo para o aprofundamento do debate e procurando valorizar em cada momento o que favoreça a unidade na acção.

Do mesmo modo, o PCP é solidário com as forças políticas e sociais que nos respectivos países lutam em defesa dos interesses dos trabalhadores e dos povos, empenhando-se no alargamento e maior expressão da frente anti-imperialista.

O XX Congresso representará uma afirmação dos princípios patrióticos e internacionalistas do PCP.

 



Mais artigos de: Opinião

Não finjam

Um, a balbúrdia na Assembleia da República e, dois, o argumentário sobre o acesso do ex-presidente da CGD, António Domingues, às negociações com Bruxelas sobre a recapitalização da Caixa, quando ainda estava formalmente ligado ao seu anterior contrato...

«Sondagens» por encomenda

As «sondagens» de que recentemente se falou, no «Brexit» e nas presidenciais dos USA, evidenciaram o descrédito a que se chegou nesta matéria. Foram concebidas e manipuladas para promover uma votação efectiva conforme com o que estava então apurado pelo poder...

O «caso Barroso»

A contratação de Durão Barroso pelo Goldman Sachs continua a dar que falar e a servir de pretexto às mais diversas entidades a que esteve ligado para tentarem limpar a sua própria imagem. Desta vez as «virgens ofendidas» são a Universidade de Genebra e o Instituto de...

Fidel

[…] Os homens que têm autoridade, os homens que têm grandes responsabilidades concedidas pelos seus compatriotas, se tivessem sentido no dever de ser duros e no dever de ser rigorosos para com eles próprios. E cremos que este é um princípio que o nosso Partido deve ter sempre,...

<i>Hasta Siempre…</i>

A notícia chegou de manhã cedo. Tinha acabado de morrer «um dos nossos», um gigante da História que simultaneamente sempre sentimos tão próximo, tão «nosso». Partia um dos maiores revolucionários da História do Século XX cuja luta e...