Fidel

Filipe Diniz

[…] Os ho­mens que têm au­to­ri­dade, os ho­mens que têm grandes res­pon­sa­bi­li­dades con­ce­didas pelos seus com­pa­tri­otas, se ti­vessem sen­tido no dever de ser duros e no dever de ser ri­go­rosos para com eles pró­prios. E cremos que este é um prin­cípio que o nosso Par­tido deve ter sempre, ainda que no nosso Par­tido, e no nosso fu­turo, os ho­mens in­di­vi­du­al­mente im­portem cada vez menos, os di­ri­gentes in­di­vi­du­al­mente im­portem cada vez menos.

No pas­sado um mé­dico de al­deia ob­tinha tudo o que queria. Era o de­le­gado do par­tido que ali exis­tisse. Se era pre­ciso eleger um ve­re­ador, ele­giam-no a ele. Um pre­si­dente do mu­ni­cípio, a ele. Um re­pre­sen­tante, a ele. Um se­nador, a ele. O único que sabia na al­deia era o mé­dico. Mas que se teria pas­sado nessa al­deia se toda a gente fosse mé­dico? E assim também acon­tece na Re­vo­lução.

[…] Com a pró­pria Re­vo­lução as uni­ver­si­dades abrem-se a todos, a cul­tura abre-se a todos, e chega a al­tura em que os co­nhe­ci­mentos são pa­tri­mónio não de uns poucos in­di­ví­duos, mas das massas.

[…] Então não exis­tirão essas co­los­sais di­fe­renças entre o co­nhe­ci­mento de uns poucos e o co­nhe­ci­mento das massas. E che­gará o mo­mento em que essas di­fe­renças serão mí­nimas, entre o co­nhe­ci­mento dos que di­rigem e o co­nhe­ci­mento dos di­ri­gidos.

E na hu­ma­ni­dade pro­pri­a­mente não existem gé­nios. Existem ho­mens bri­lhantes. Com cer­teza que já de­veis ter lido que uns re­cebem tal ou tal prémio; mas o génio não está nos in­di­ví­duos: o génio está nas massas. Quando al­guém se des­tacou nas ma­te­má­ticas é porque cen­tenas de mi­lhares não pu­deram es­tudar ma­te­má­tica. E se al­guém se des­tacou em eco­nomia ou em his­tória ou em qual­quer outro ramo do saber hu­mano, é porque os ou­tros não ti­veram opor­tu­ni­dade de es­tudar. Mas quando as massas têm acesso à cul­tura, têm acesso ao es­tudo, têm acesso ao co­nhe­ci­mento, então as di­fe­renças de­sa­pa­recem, porque em vez de um génio há mil, há um génio co­lec­tivo. […]

Isto foi dito na in­ter­venção de Fidel Castro no en­cer­ra­mento do 1.º Con­gresso do Par­tido Co­mu­nista de Cuba, em De­zembro de 1975. Pa­la­vras lu­mi­nosas de um homem que o mes­quinho re­ac­ci­o­na­rismo de al­guma da gente que pu­lula na co­mu­ni­cação so­cial in­sistiu em tratar de di­tador.




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