Fortalecer a luta anti-imperialista

Pedro Guerreiro (Membro do Secretariado)

Na ac­tual si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, a ofen­siva do im­pe­ri­a­lismo, pro­ta­go­ni­zada pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e seus ali­ados, cons­titui a prin­cipal ameaça com que os povos do mundo se con­frontam.

O im­pe­ri­a­lismo não é om­ni­po­tente e a sua ofen­siva não é im­pa­rável

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Na sequência dos acon­te­ci­mentos que mar­caram o sé­culo XX, os Es­tados Unidos tor­naram-se a po­tência he­ge­mó­nica do mundo ca­pi­ta­lista. Com o apro­fun­da­mento da crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo – cor­roído por con­tra­di­ções –, o ad­vento de novos países na cena in­ter­na­ci­onal e o con­se­quente de­clínio do seu peso eco­nó­mico re­la­tivo no plano mun­dial, os Es­tados Unidos lançam-se na ten­ta­tiva da sal­va­guarda e im­po­sição da sua su­pre­macia, uti­li­zando o seu grande po­derio eco­nó­mico, ci­en­tí­fico-tec­no­ló­gico, mi­litar e po­lí­tico-ide­o­ló­gico. In­tento es­tra­té­gico que os re­sul­tados das re­centes elei­ções norte-ame­ri­canas, com a vi­tória de Do­nald Trump para a pre­si­dência, não co­locam em causa.

A in­ves­tida le­vada a cabo pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano em ar­ti­cu­lação com os seus ali­ados, en­cer­rando im­por­tantes con­tra­di­ções, tem um ca­rácter global, mul­ti­fa­ce­tado e con­cer­tado, no­me­a­da­mente no campo eco­nó­mico, po­lí­tico-ide­o­ló­gico e mi­litar. A sua com­po­nente mais agres­siva tem sido di­ri­gida contra toda e qual­quer força ou poder que não se sub­meta e lhe re­sista, re­pre­sen­tando um sério pe­rigo para a paz no mundo.

Através da ins­tau­ração de re­la­ções de de­pen­dência, da in­ge­rência e da guerra, o im­pe­ri­a­lismo pro­cura obs­ta­cu­lizar, e mesmo im­pedir, o exer­cício da so­be­rania na­ci­onal, vi­sando par­ti­cu­lar­mente es­tados que con­si­dere re­pre­sen­tarem, de al­guma forma, um factor de con­tenção e re­sis­tência à im­po­sição dos seus in­te­resses e do­mínio.

Os EUA, a NATO, a UE, com os seus ali­ados, são res­pon­sá­veis por todos os grandes con­flitos mi­li­tares da ac­tu­a­li­dade. Equi­parar a sua acção agres­siva a países que afirmam e de­fendem a sua so­be­rania, in­de­pen­dência e di­reito ao de­sen­vol­vi­mento, que se po­si­ci­onam, agem e ar­ti­culam no plano in­ter­na­ci­onal no res­peito da Carta das Na­ções Unidas, que não aceitam o iso­la­mento e apoiam os povos e es­tados ví­timas do blo­queio, de­ses­ta­bi­li­zação e agressão im­pe­ri­a­lista, seria me­nos­prezar, e mesmo bran­quear, os ob­jec­tivos da ac­tual in­ves­tida do im­pe­ri­a­lismo e os sé­rios pe­rigos que esta re­pre­senta para os tra­ba­lha­dores e os povos do mundo.

O im­pe­ri­a­lismo não é om­ni­po­tente. A sua ofen­siva não é im­pa­rável e ir­re­ver­sível. Os povos re­sistem e lutam. Entre ou­tros mar­cantes exem­plos, as­sume par­ti­cular im­por­tância e sig­ni­fi­cado a re­sis­tência da Síria e do seu povo – e do apoio que esta re­cebe – na luta em de­fesa da so­be­rania e in­te­gri­dade ter­ri­to­rial da sua pá­tria, face à agressão dos Es­tados Unidos e seus cor­re­le­gi­o­ná­rios.

Con­ver­gência e co­o­pe­ração

O ac­tual quadro in­ter­na­ci­onal de­monstra a im­por­tância de for­ta­lecer a con­ver­gência e a co­o­pe­ração dos co­mu­nistas com ou­tras forças pa­trió­ticas, pro­gres­sistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rias, numa ampla frente anti-im­pe­ri­a­lista. Este é o ca­minho para travar a ofen­siva do im­pe­ri­a­lismo e abrir ca­minho a uma vi­ragem na si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, no sen­tido da paz, da so­be­rania e do pro­gresso so­cial.

Para a con­cre­ti­zação de tal ob­jec­tivo é fun­da­mental o papel e a acção dos co­mu­nistas. A con­ver­gência e uni­dade na acção em torno de ob­jec­tivos con­cretos e ime­di­atos dos par­tidos co­mu­nistas com ou­tras forças que re­sistem à im­po­sição do do­mínio he­ge­mó­nico do im­pe­ri­a­lismo, não sig­ni­fica uma ab­di­cação do seu ideal e pro­jecto re­vo­lu­ci­o­ná­rios. Na base da aná­lise con­creta de cada si­tu­ação con­creta, a apro­xi­mação e co­o­pe­ração dos co­mu­nistas – com a afir­mação dos seus ob­jec­tivos pró­prios e sem di­luição da sua iden­ti­dade – a ou­tras forças com ca­rácter e po­si­ci­o­na­mento anti-im­pe­ri­a­lista é pro­pi­ci­a­dora da cri­ação das con­di­ções para levar mais longe a re­sis­tência e a luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos em de­fesa dos seus di­reitos e so­be­rania, a luta por trans­for­ma­ções pro­gres­sistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rias.

Neste sen­tido, é ne­ces­sária a exis­tência de fortes e in­flu­entes par­tidos co­mu­nistas e de ou­tras forças re­vo­lu­ci­o­ná­rias, o for­ta­le­ci­mento do mo­vi­mento co­mu­nista e re­vo­lu­ci­o­nário in­ter­na­ci­onal e a sua co­o­pe­ração. Agindo de acordo com o prin­cípio do in­ter­na­ci­o­na­lismo pro­le­tário, o PCP em­penha-se na so­li­da­ri­e­dade re­cí­proca e na co­o­pe­ração entre par­tidos co­mu­nistas, con­tri­buindo para o apro­fun­da­mento do de­bate e pro­cu­rando va­lo­rizar em cada mo­mento o que fa­vo­reça a uni­dade na acção.

Do mesmo modo, o PCP é so­li­dário com as forças po­lí­ticas e so­ciais que nos res­pec­tivos países lutam em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e dos povos, em­pe­nhando-se no alar­ga­mento e maior ex­pressão da frente anti-im­pe­ri­a­lista.

O XX Con­gresso re­pre­sen­tará uma afir­mação dos prin­cí­pios pa­trió­ticos e in­ter­na­ci­o­na­listas do PCP.

 



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