Greve contra a privatização
Os trabalhadores dos correios italianos realizaram uma greve de 24 horas, dia 4, para protestar contra a saída definitiva do Estado do capital da empresa.
Privatização dos correios ameaça 20 mil empregos
Durante a jornada de greve, os trabalhadores levaram a cabo manifestações em várias cidades do país. A paralisação, que teve o apoio da generalidade dos sindicatos, teve como principal objectivo exigir ao governo de Matteo Renzi a suspensão do projecto de privatização total dos correios.
Em Outubro de 2015, o governo efectuou a privatização parcial da empresa «Poste Italiane», vendendo em bolsa 35 por cento do capital.
Uma recente decisão do Conselho de Ministros determina a colocação em bolsa de mais 29,7 por cento do capital, bem como a cedência dos restantes 35 por cento à Caixa de Depósitos e Empréstimos (CDP), desvinculando assim o Estado de qualquer participação na empresa.
O governo social-democrata alega que indirectamente o Estado continuará a controlar a «Poste Italiane», uma vez que é detentor de 82,8 do banco público CDP.
Porém, os sindicatos notam que a saída do Estado do capital da empresa altera completamente a estrutura accionista, inviabilizando na prática o controlo público da empresa.
Afirmam ainda que esta alteração põe em risco cerca de 20 mil postos de trabalho. Na Sardenha, por exemplo, cerca de 500 trabalhadores manifestaram-se nas ruas de Cagliari contra a privatização, receando a eliminação de 750 postos de trabalho, num total de 3500 hoje existentes.
Além disso, os sindicatos consideram que a venda em bolsa de mais uma parte dos correios tem «unicamente como objectivo realizar alguns milhares de milhões de euros para aliviar a dívida pública, não levando em conta o papel social da “Poste Italiane” no conjunto do território».
Os sindicatos denunciam o ataque em curso contra serviço público postal, apontando o encerramento de postos nas regiões mais desfavorecidas e a entrega de correio em dias alternados.
Mesmo em dia de greve, os trabalhadores asseguraram serviços considerados essenciais como a entrega de telegramas.