Maioria absoluta do PS empobrece
a vida democrática regional

CDU cresce nos Açores

A CDU cresceu em número de votos, em relação às últimas eleições regionais nos Açores, passando de 2041 para 2431 votantes, e em percentagem, aumentando de 1,89 para 2,61. Foi a força mais votada na ilha das Flores, onde elegeu um deputado.

«Dar continuidade ao trabalho em defesa dos interesses da região»

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«Não traduzindo quer a influência social e política da CDU, quer o reconhecimento da sua intervenção na vida política açoriana, este resultado assegura as condições para dar continuidade ao trabalho em defesa dos interesses da região e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo», afirmou, no domingo, Jerónimo de Sousa, numa declaração na sede nacional do PCP, em Lisboa.

Valorizou, ainda, o «importante crescimento eleitoral em alguns círculos eleitorais», designadamente nas Flores, onde a CDU foi a primeira força política, dando origem à eleição de um deputado por aquele círculo eleitoral, mas também nas ilhas Terceira, S. Jorge, em número de votos e percentagem eleitoral, Pico, Corvo e Santa Maria, em percentagem eleitoral.

O Secretário-geral do PCP saudou «todos os açorianos e açorianas que confiaram o seu voto e apoio à CDU, muitos pela primeira vez», assim como «os militantes do Partido, os membros do Partido Ecologista “Os Verdes”, o conjunto dos candidatos e os muitos independentes e activistas da CDU que construíram uma importante e inigualável campanha de esclarecimento e contacto directo com as populações, enfrentando uma patente desproporção de meios ostentados por outros, que para lá do seu valor directo perdurará para as muitas lutas que se travarão em defesa do povo açoriano e do seu direito a uma vida melhor».

Campanha de condicionamento

Jerónimo de Sousa sublinhou, por outro lado, que as eleições regionais ficaram marcadas negativamente pela obtenção de uma maioria absoluta pelo PS, resultado que não é separável «da intensa campanha de condicionamento eleitoral que, a partir do Governo Regional e de todas as estruturas da administração regional, foi exercida, de uma acção de mistificação sobre a verdadeira situação económica e social resultantes de duas décadas de governação do PS».

«O prolongamento de uma maioria absoluta do PS na Região não só empobrece a vida política e democrática regional como constitui um obstáculo à concretização de medidas e decisões que correspondam às aspirações e direitos dos trabalhadores e do povo açoriano», afirmou, lembrando que no período de 1996/2000 a ausência de uma maioria no Parlamento permitiu, com a contribuição decisiva do PCP, o acréscimo ao salário mínimo regional ou o adicional às pensões de reforma, medidas que ainda hoje perduram.

O Secretário-geral do PCP manifestou ainda a sua preocupação pelo elevado nível de abstenção (59,16 por cento), o que «constitui prova da crescente desilusão e descrença de muitos açorianos face a anos e anos de governação, quer do PSD, quer do PS, que se traduzem na ausência de resposta aos seus problemas e no reiterado incumprimento das promessas eleitorais que ciclicamente repetem».

Continuar a intervir

No mesmo dia, 16, Aníbal Pires, Coordenador Regional do PCP e primeiro candidato da CDU pelo círculo eleitoral de S. Miguel e de compensação, realçou o facto de ter sido possível manter a representação parlamentar, o que «perspectiva um trabalho importante».

Numa intervenção proferida na sede da CDU em Ponta Delgada, destacou, também, o aumento do número de votos, num conjunto alargado de ilhas, o que «só nos pode deixar satisfeitos e com renovada vontade de continuar a intervir politicamente, de modo a contribuirmos para que as decisões que forem tomadas possam ter como objectivo as pessoas e, sobretudo, que nesta Região se construa um projecto diferente».

Aníbal Pires falou ainda da eleição de um deputado da CDU pela ilha das Flores, João Paulo Corvelo, 35 anos, médico veterinário e militante do PCP.

«Ganhámos um círculo eleitoral ao PS, o das Flores. Quero agradecer a todos os açorianos que depositaram a sua confiança neste projecto político, um projecto de futuro para os Açores», afirmou.

 

CDU faz queixa à CNE
Símbolo alterado

No dia 16, a CDU fez uma queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) por o seu símbolo ter sido «manipulado na reprodução inscrita nos boletins de voto».

Esta situação, segundo a queixa apresentada pela Coligação PCP-PEV, assinada pelo mandatário regional da Coligação PCP-PEV, Jaime Araújo Pacheco, prejudica «gravemente a sua identificação e percepção pelos eleitores, situação susceptível de causar graves implicações nos resultados eleitorais».

Em declarações à comunicação social, Aníbal Pires, coordenador regional do PCP nos Açores, explicou que o símbolo foi diminuído «mais de um terço do seu tamanho», o que para «alguns eleitores gera confusão, dado que há outro partido [PCTP/MRPP] que apresenta o seu símbolo também com a foice e o martelo».

«Na verdade, o símbolo inscrito no boletim de voto não corresponde ao símbolo oficial registado no Tribunal Constitucional e apresenta muito piores condições de legibilidade e identificação da candidatura concorrente», adianta o texto da queixa.

Segundo a CDU, esta situação traduz uma clara manipulação, «atendendo ao facto de terem sido entregues em todos os tribunais as reproduções constantes da inscrição no Tribunal Constitucional e do símbolo impresso corresponder a uma reconstrução com inserção de elementos inexistentes».

Neste sentido, para a Coligação PCP-PEV ocorreu «uma manipulação pelos serviços regionais encarregados da impressão dos boletins».

«Para os efeitos eleitorais, jurídicos e criminais julgados necessários pela CNE aqui se deixa exposta a situação, entretanto já objecto de reclamação pelos delegados em várias mesas da região», refere ainda a queixa.




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