O Expresso no seu melhor

Vasco Cardoso

À medida que iam sendo divulgadas as peças sobre as sedes dos outros partidos, fui antecipando aquilo que seria o texto que o Expresso acabaria por publicar no último fim-de-semana sobre a sede do PCP. Ao contrário do que se desejaria, o Expresso acabou por produzir um texto na linha daquilo a que a sua história e opções editoriais nos habituaram. Cheio de preconceitos e clichés, de tal forma que diria que a peça apresentada dispensava a visita que acabaram por realizar à «Soeiro Pereira Gomes».

A chamada de capa do jornal dá o mote: «Os segredos escondidos da sede do PCP» e o título da peça mantém o tom sem lhe ficar atrás: «PCP, uma sede que não é para mostrar». Daqui para a frente é um rosário de análises e juízos de valor para chegar a conclusões pré-definidas.

Visitaram, segundo o jornal, zonas comuns do edifício, salas de reuniões, salas de trabalho de vários sectores, a redacção do Avante!, o departamento de propaganda, entre outros espaços. Foram ainda acompanhados por vários camaradas ao longo da visita, que lhes explicaram a origem do edifício, a forma militante como foi adquirido (campanha de fundos), o conjunto de serviços de apoio existentes, a origem do mural que se encontra no exterior, o número de pessoas que o frequenta, entre outras coisas, para de seguida concluírem que o PCP é como aquela vizinha «que nunca nos chega a deixar passar do hall de entrada». E acrescentam na sua delirante narrativa o seguinte: «longe de ter paredes de vidro como um dia escreveu Álvaro Cunhal, (a sede do PCP) tem muros de betão armado e grades protectoras que engaiolam o edifício». Pois é, uma gaiola!!

Conseguem a partir dessa realidade objectiva que foi a construção de vários edifícios nas imediações da «Soeiro» chegar à brilhante conclusão que «Hoje, o mundo mudou à volta do PCP (....) Só os comunistas ficaram na mesma». Brilhante, esta sagacidade jornalística!!

Garantem ainda que o Partido «faz questão de apagar os rastos que cheirem a culto da personalidade» no que se refere a Álvaro Cunhal mas só porque é uma forma de «manterem a aura, o mistério e a arte de o venerar». Absolutamente espantoso!!!

É caso para dizer, o Expresso é como aquelas vizinhas que quando saem da nossa casa a primeira coisa que fazem é ir dizer mal de nós às outras.

 



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