Prova de vida
Há muitos anos que assistimos ao deprimente espectáculo mediático de promoção de forças, figuras e figurões, ao mesmo tempo que se observa e assiste à «democrática» discriminação nos grandes meios de comunicação dominados pelo grande capital, dos que, como o PCP, têm uma posição coerente na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo.
A tarefa que está colocada aos comunistas é o reforço do Partido
A ânsia é tanta que alguns se metem em bicos de pé, correndo atrás das câmaras ou microfones para receber o carinho e apoio da parte dos grande meios de comunicação dominados e dominantes na (de)formação da consciência e formatação da opinião. É vê-los a desdobrarem-se em declarações a propósito e a despropósito, a fazer «grandes e profundas» análises sobre tudo e mais umas botas, para afinal não dizerem nada, pendurarem-se em propostas de outros ou distorcerem a verdade como se tivessem que fazer prova de vida.
Sabemos todos que cada segundo de TV ou de rádio catapulta figuras e figurões para a ribalta, mas também sabemos que quando a fumaça desaparece os que hoje são projectados mediaticamente desaparecem com ela. Na verdade, como a história nos ensina, cada um deles vale enquanto servir os interesses da classe dominante. Coerência têm pouca ou nenhuma e o que dizem hoje desmentem amanhã.
Quem não se lembra do PS a proclamar o socialismo e de seguida a metê-lo na gaveta, ou a defender que a adesão à então CEE seria um desastre para Portugal e depois a ser um efusivo apoiante e dinamizador da adesão? Quem não se lembra do então PPD a proclamar o seu apoio à Constituição em 1976 e depois combatê-la? Quem não se lembra do então PSR, e já depois o BE, a exigir a saída da UE e depois ajeitar-se aos tempos dominantes? Quem não se lembra da irrevogável decisão de Paulo Portas de sair do governo PSD/CDS e depois a revogar? Todos antigos e actuais comentadores e analistas de serviço, ou «personagens» mediatizadas, têm uma marca indelével que os une: o seu anticomunismo, ou seja, o objectivo de travar o crescimento do PCP.
Alguns e algumas são «eleitos» e «eleitas» como figuras de grande rasgo político, quando, afinal, são apenas produto do mediatismo comunicacional que a direita domina. Cada palavra, gesto ou sorriso é apresentado como algo de extraordinário e contundente, quando na verdade é apenas produto da mediatização dominante. Alguns e algumas correm atrás da notícia na ânsia do protagonismo, parecendo que correm contra o tempo que envelhece as suas ideias e por isso precisam de fazer permanentemente prova de vida.
Prosseguir a luta
Mas desenganem-se todos, porque bem podem continuar a tapar e deturpar as posições do PCP, porque o tempo acabará por demonstrar quem, com coerência, age e actua na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo, na defesa dos interesses nacionais há mais de 95 anos. Por isso ao Partido, a todo o Partido, a questão que está colocada é o prosseguimento da luta coerente em defesa do direito ao trabalho com direitos, pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo, pela defesa e melhoria dos serviços públicos, por um país soberano e livre da submissão aos ditames da União Europeia e dos centros imperialistas em geral.
Sempre ligado aos trabalhadores e ao povo, recebendo deles a força e criatividade transformadora, o nosso Partido ontem como hoje está em condições de enfrentar todos os desafios. O compromisso primeiro que temos é com os trabalhadores e o povo e as camadas antimonopolistas e por isso, tal como no passado, não regatearemos esforços para tudo fazer para melhorar as suas condições de vida e de trabalho, sem perdermos o sentido do fundamental – a política patriótica e de esquerda, a Democracia Avançada – Os valores de Abril no futuro de Portugal, parte integrante do objectivo de construção do socialismo na pátria portuguesa.
Esta é a melhor prova de vida e é por assim ser que os centros do grande capital não perdoam a contribuição decisiva do PCP para, dando corpo no plano político à luta dos trabalhadores e do povo, pôr fim a quatro anos de governo PSD/CDS e abrir uma janela de esperança para repor e conquistar direitos. Eles sabem do papel decisivo e coerente do PCP no quadro político e por isso procuram escondê-lo, eles sabem que o Partido tem propostas e se bate por elas e por isso as ocultam. Não andaremos em bicos de pés nem na sabujice própria dos oportunistas de diversas matizes; trilhamos um caminho seguro neste mundo de incertezas.
Agora que preparamos o XX Congresso do Partido, discutindo democrática e fraternalmente os nossos problemas e insuficiências, definindo os caminhos para a sua superação e sobretudo debatendo os problemas do povo e do País, olhando para o mundo com as suas contradições, para as forças e povos que lutam pela sua soberania e independência, a tarefa que está colocada a cada um de nós é fortalecer o Partido, nas empresas e locais de trabalho, nas zonas de residência, junto das classes e camadas antimonopolistas, levando mais longe a opinião e proposta do Partido.