«Grande mentira» da Aphort
O Sindicato da Hotelaria do Norte acusou a associação patronal Aphort de cometer uma «grande mentira», quando reagiu a um protesto declarando que nenhum hotel do Porto tinha negado aumentos salariais.
As reivindicações são também apresentadas em cada estabelecimento
«Não conhece o terreno, não está bem informada, ou quer enganar a opinião pública», retorquiu a direcção do sindicato da Fesaht/CGTP-IN, num comentário publicado anteontem na sua página na rede social Facebook. O sindicato indicou «alguns nomes de hotéis do Porto que não deram aumentos salariais»: «Hotel Infante de Sagres, Hotel Nave, Porto Palácio Hotel, Hotel Carris Porto, Hotel Bessa Porto, Grande Hotel do Porto, Hotel Ipanema Porto, Hotel Tuela, Hotel Ipanema Park, Hotel Tuelinha, Hotel Fénix, Hotel Douro e tantos outros».
Na segunda-feira, dia 19, uma assembleia geral de delegados sindicais aprovou uma resolução que foi entregue pelos representantes dos trabalhadores na sede da Associação Portuguesa da Hotelaria, Restauração e Turismo, frente à qual se realizou uma concentração. Nesse documento, insiste-se em apontar a contradição entre os bons resultados alcançados pelas empresas desde 2013, batendo sucessivamente os recordes de hóspedes e dormidas, de proveitos, de rendimento por quarto e de outros indicadores da actividade. As empresas beneficiaram ainda da redução do IVA sobre a restauração, de 23 para 13 por cento.
No entanto, «a associação patronal Aphort insiste na retirada de direitos e no congelamento salarial desde 2011», «generaliza-se a precariedade laboral no sector da restauração e bebidas, com trabalho ilegal e clandestino, jornadas de trabalho de 10, 12 e mais horas, sem remuneração extraordinária», afirma-se na resolução. Denuncia-se ainda a «violação generalizada dos direitos dos trabalhadores» e alerta-se que, no sector do alojamento, «cresce o trabalho temporário» e «as empresas prestadoras de serviços asseguram serviços essenciais para as unidades hoteleiras, como cozinha, restaurante, bar, quartos e lavandaria, pondo em causa direitos dos trabalhadores e a qualidade de serviço».
Entre as orientações inscritas na resolução, estão a dinamização da acção e da luta reivindicativa nas empresas e locais de trabalho, pelo direito de contratação colectiva, por um aumento dos salários em, pelo menos quatro por cento e de modo a que nenhum trabalhador tenha uma actualização inferior a 40 euros por mês. Além do apoio aos objectivos reivindicativos da CGTP-IN e da realização de acções de luta e de protesto na semana de 26 a 30 de Setembro, refere-se ainda a mobilização para uma acção nacional de luta do sector da hotelaria, no dia 27.
O presidente-adjunto executivo da Aphort confirmou à agência Lusa que a associação patronal continua a exigir acordo para as suas alterações ao contrato colectivo, antes de negociar qualquer aumento da tabela salarial. Depois de dizer que a Aphort tem dado aos associados indicação para corrigirem os salários em função da situação de cada empresa, Condé Pinto garantiu que «não há nenhum hotel no Porto que não tenha feito aumentos salariais», suscitando o veemente desmentido do sindicato.
Centro
O Sindicato da Hotelaria do Centro retirou, dia 19, o pré-aviso de greve que fora apresentado para o Hotel Tryp Coimbra (Grupo Meliã) para ter início no dia seguinte, após as acusações públicas do sindicato da Fesaht/CGTP-IN, relativamente a ritmos de trabalho impostos, em especial na secção de andares, com número reduzido de trabalhadoras e trabalho suplementar não remunerado. Numa reunião, esta segunda-feira, a administração do hotel e a direcção do sindicato aceitaram voltar a reunir-se na próxima semana, para «prosseguir a avaliação do quadro de pessoal e suas necessidades», como se refere numa informação sindical à comunicação social.
Manteve-se a greve ao trabalho extra e em dia de descanso semanal, desde anteontem, na área de restauração desta unidade hoteleira, a qual está concessionada à empresa Ambientes Perfeitos, acusada pelo sindicato de ter salários e subsídios em dívida aos trabalhadores.
Foi solicitada, em ambos os casos, a intervenção da ACT, mas «a inoperância tem sido total», lamentou o sindicato, ao anunciar a decisão de luta, na semana anterior.
Os trabalhadores do Grande Hotel do Luso entraram, no dia 1, em greve ao trabalho suplementar e em dia de descanso semanal, aguardando o sindicato que a administração responda até amanhã a um pedido de reunião enviado a 31 de Agosto.
«Passado um mês, as questões abordadas e os compromissos assumidos não estão a ser respeitados» pela administração do Casino da Figueira da Foz (Sociedade Figueira Praia). O sindicato decidiu voltar a discutir com os trabalhadores o recurso à greve, considerando «pouco digno» o comportamento da empresa, pertencente ao Grupo Amorim Turismo. Além de a este estar associado «o detentor da maior fortuna de Portugal», o sindicato nota ainda que o casino teve um crescimento dos lucros de mais de seis por cento, no primeiro semestre de 2016. Em causa estão, como lembrou o sindicato no dia 13, a organização dos horários de trabalho e matérias de carácter remuneratório (salários congelados há seis anos).