Parlamento aprova Orçamento do Estado para 2016 e Grandes Opções do Plano

Medidas de sinal positivo

Uma par­ti­cular atenção da ban­cada co­mu­nista foi dada também à questão da pre­ca­ri­e­dade la­boral, tanto no sector pri­vado como na ad­mi­nis­tração pú­blica.

«Ver­da­dei­ra­mente dra­má­tica», assim clas­si­ficou João Oli­veira a pre­ca­ri­e­dade exis­tente ao in­ter­pelar o pri­meiro-mi­nistro, a quem re­cordou os ní­veis re­corde a que chegou este fla­gelo que hoje atinge mais de um mi­lhão e 200 mil por­tu­gueses. E la­mentou que na ad­mi­nis­tração pú­blica o re­curso à pre­ca­ri­e­dade se tenha tor­nado regra, in­cen­ti­vado e pro­mo­vido pelo go­verno do PSD e do CDS, por via de es­tá­gios, con­tratos em­prego-in­serção (são mais de 68 mil), re­cibos verdes, con­tra­ta­ções tem­po­rá­rias e ou­tras formas de na­tu­reza idên­tica.

Sendo esta uma ma­téria que há muito pre­o­cupa o PCP e que se en­contra entre as suas pri­o­ri­dades de acção, João Oli­veira não deixou de re­gistar por isso com sa­tis­fação que o OE con­temple o con­tri­buto dado pela sua ban­cada nesta ma­téria – a pro­posta para o le­van­ta­mento na ad­mi­nis­tração pú­blica de todas as si­tu­a­ções de tra­balho pre­cário –, o que em sua opi­nião é um pri­meiro passo para que este grave pro­blema possa ser su­pe­rado e seja dado lugar à con­tra­tação de tra­ba­lha­dores.

Um «re­gisto po­si­tivo», sem dú­vida, em­bora sa­bendo que este é um com­bate que tem de con­ti­nuar para além do OE, rei­terou João Oli­veira, que lem­brou ter a sua ban­cada já en­tregue já na AR ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas para que esta dis­cussão possa ser feita com vista a con­cre­tizar o prin­cípio de que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um con­trato de tra­balho efec­tivo.

 

Ser­viços à míngua

 

Abor­dada pelo pre­si­dente da ban­cada co­mu­nista foi ainda a questão da de­gra­dação da ca­pa­ci­dade de res­posta dos ser­viços e em­presas pú­blicas, par­ti­cu­lar­mente com a im­po­sição da falta de pes­soal, des­truição de car­reiras, des­truição de di­reitos e des­pe­di­mentos de tra­ba­lha­dores dos ser­viços e das em­presas pú­blicas.

Re­cordou, a este pro­pó­sito, as con­sequên­cias que ti­veram as op­ções as­su­midas pelo an­te­rior go­verno e a ex­pressão con­creta que as mesmas ti­veram na vida dos por­tu­gueses, como foi o caso das ur­gên­cias dos hos­pi­tais que se viram in­ca­pazes de res­ponder às ne­ces­si­dades dos utentes por falta de mé­dicos.

«Lem­bramos-nos do drama das listas de es­pera, da al­te­ração dos ho­rá­rios de fun­ci­o­na­mento dos ser­viços de saúde por falta de pro­fis­si­o­nais», exem­pli­ficou, antes de trazer à me­mória va­ri­a­dís­simas ou­tras si­tu­a­ções de rup­tura ou de in­su­fi­ci­ente res­posta como sejam as can­tinas es­co­lares sem fun­ci­o­ná­rios, as es­colas sem apoios para as cri­anças com de­fi­ci­ência, as co­mis­sões de pro­tecção de cri­anças e jo­vens sem os téc­nicos de que pre­ci­savam porque o go­verno os quis em­purrar para o des­pe­di­mento por via da re­qua­li­fi­cação.

Não fa­lando, pros­se­guiu, da falta de pes­soal de in­ves­ti­gação cri­minal na PJ, da falta de fun­ci­o­ná­rios ju­di­ciais nos tri­bu­nais, dos pro­blemas nas pri­sões pela falta de guardas pri­si­o­nais, das di­fi­cul­dades de pa­tru­lha­mento pela falta de pes­soal na PSP e GNR e também do pro­blema dra­má­tico nas em­presas do SEE com a di­mi­nuição do pes­soal, exem­plar­mente ca­rac­te­ri­zada na si­tu­ação que é o Metro ser obri­gado a fun­ci­onar a ve­lo­ci­dade mais re­du­zida porque a isso obriga a falta de pes­soal e a ne­ces­si­dade de não com­pro­meter a se­gu­rança.

João Oli­veira re­co­nheceu por fim que há no OE me­didas con­cretas de sinal po­si­tivo para dar res­posta estes pro­blemas, como as me­didas que têm que ver com a eli­mi­nação de res­tri­ções à con­tra­tação, par­ti­cu­lar­mente na ad­mi­nis­tração local, me­didas de con­tra­tação de mé­dicos de fa­mília, sendo o pri­meiro Or­ça­mento em cinco anos que não prevê normas que obri­guem as au­tar­quias, ser­viços pú­blicos e em­presas do SEE a des­pedir pes­soal.

Mas porque o OE não dá res­posta a todos esses pro­blemas e porque há me­didas de fundo que têm de ser adop­tadas, de­fendeu que terá de haver uma dis­cussão para lá do OE e, nesse quadro, aí en­con­trar as res­postas ade­quadas.




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