Vergonha!
Os recentes acontecimentos no Médio Oriente, dos quais se destaca a recente provocação da Arábia Saudita com a execução do Sheik xiita Nimr al-Nimr e de cerca de 47 presos na sua maioria xiitas, comprovam a fragilidade e significado contraditório dos recentes desenvolvimentos diplomáticos no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Uma maior e mais profunda análise destes acontecimentos terão lugar noutro espaço e edição do Avante!. Para já é imperioso denunciar a criminosa hipocrisia e cumplicidade do «democrático» e «civilizado» «Ocidente» com os crimes dos seus aliados na região. A Arábia Saudita executou – por fuzilamento ou decapitação – quase meia centena de pessoas. Uma parte deles são presos políticos, detidos entre 2011 e 2013 no quadro das manifestações na Arábia Saudita e no Bahrein e que a ditadura saudita esmagou pela força das armas. São várias as acusações – nomeadamente de agências da ONU - de que a maior parte destas execuções não resultaram de processos judiciais dignos desse nome. E como reagem a estes factos as «democráticas» e «civilizadas» potências «ocidentais», as mesmas que alimentam uma guerra na Síria em defesa dos «valores democráticos»? Os EUA pedem à ditadura saudita a garantia de processos judiciais justos e Federica Mogherini, a «chefe» da dita «política externa» da União Europeia, liga ao Ministro dos Negócios Estrangeiros….. Mas do Irão!! Para lhe pedir calma, receando que a execução de 47 pessoas «inflame as tensões sectárias que já causam sérios danos na região». Já Ban Ki Moon, o inenarrável Secretário Geral da ONU, diz-se «consternado» e apela à calma na Região. Entretanto, neste mesmo dia o Relator da ONU para a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados demite-se porque Irsael lhe impede, tal como ao seu antecessor, o acesso aos territórios ocupados. O argumento é que o mandato deste relator é «anti-israelita» e que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU «está completamente politizado». Há uma palavra que os árabes usam quando querem expressar o seu repúdio e revolta por algo que é injusto e execrável e que tem um peso muito maior que na língua portuguesa – Vergonha!