Um PCP mais forte para a luta

Jaime Toga (Membro da Comissão Política do PCP)

Mais de 39 anos de po­lí­tica de di­reita, agra­vados pelo pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista da União Eu­ro­peia, pelos PEC e pelo pacto de agressão, im­pu­seram um ca­minho con­trário aos va­lores de Abril com ex­pressão no pro­cesso de en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos, nas pri­va­ti­za­ções, nos cortes nos sa­lá­rios, nas pen­sões e nos apoios so­ciais, na des­truição da nossa pro­dução e na efec­tiva pro­moção do de­sem­prego e do tra­balho sem di­reitos, na cada vez mais in­justa dis­tri­buição do ren­di­mento, na ali­e­nação de im­por­tantes par­celas da nossa so­be­rania.

Os tra­ba­lha­dores e o povo podem contar sempre com o PCP

Num quadro de de­sen­vol­vi­mento da crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo e num con­texto em que largas ca­madas e sec­tores da po­pu­lação sentem nas suas vidas as duras con­sequên­cias das op­ções po­lí­ticas de su­ces­sivos go­vernos da po­lí­tica de di­reita – com o seu rasto de in­jus­tiças, ex­plo­ração e de­si­gual­dades – emerge a ne­ces­si­dade da luta pela rup­tura e a al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, in­se­rida numa luta mais vasta pela de­mo­cracia avan­çada e pelo so­ci­a­lismo. No ac­tual con­texto ins­ti­tu­ci­onal, po­lí­tico, eco­nó­mico e so­cial, a de­fesa da Cons­ti­tuição, do pro­jecto de so­ci­e­dade e dos di­reitos nela con­sa­grados, as­sume uma im­por­tância acres­cida, capaz de mo­bi­lizar muitos de­mo­cratas e pa­tri­otas.

Mesmo re­co­nhe­cendo que existe na As­sem­bleia da Re­pú­blica uma base ins­ti­tu­ci­onal que pode per­mitir con­cre­tizar me­didas e so­lu­ções que res­pondam a in­te­resses ime­di­atos e ur­gentes dos tra­ba­lha­dores e do povo, como o PCP afirmou na sequência das elei­ções de 4 de Ou­tubro, essa base ins­ti­tu­ci­onal não res­ponde ao ina­diável ob­jec­tivo de uma rup­tura e mu­dança. A al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, que re­clama a rup­tura com o poder do ca­pital mo­no­po­lista e com as li­mi­ta­ções e cons­tran­gi­mentos ex­ternos, tem na luta dos tra­ba­lha­dores e do povo o seu motor.

Uma luta que se de­sen­volve a partir de as­pectos rei­vin­di­ca­tivos con­cretos, re­sis­tindo, in­ter­rom­pendo o pro­cesso e de­fen­dendo a re­po­sição de di­reitos. Uma luta que una e mo­bi­lize todas as ca­madas e sec­tores atin­gidos pela po­lí­tica de di­reita, exi­gindo o cum­pri­mento da Cons­ti­tuição e a de­fesa de Abril e, com ex­pressão já no pró­ximo sá­bado nas ma­ni­fes­ta­ções con­vo­cadas pela CGTP-IN.

Can­di­da­tura por Abril

As pró­ximas elei­ções pre­si­den­ciais serão igual­mente parte in­te­grante da luta dos co­mu­nistas e de todos os de­mo­cratas que não querem voltar a ter na Pre­si­dência da Re­pú­blica al­guém que se as­sume como um ge­rador de con­flitos, pro­motor e exe­cu­tante des­ta­cado de gros­seiras vi­o­la­ções e afrontas à Lei fun­da­mental do País, que pro­moveu en­ge­nhosas ma­no­bras para tentar re­a­bi­litar e re­con­duzir um go­verno iso­lado so­ci­al­mente e der­ro­tado elei­to­ral­mente.

Sa­bemos da im­por­tância dos va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal e re­co­nhe­cemos a ne­ces­si­dade de, na Pre­si­dência da Re­pú­blica, estar al­guém com­pro­me­tido com esses va­lores, al­guém que honre o ju­ra­mento de de­fender, cum­prir e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição. A menos de dois meses das elei­ções, im­porta des­tacar que a can­di­da­tura de Edgar Silva é a mais só­lida ga­rantia da de­fesa in­tran­si­gente dos ideais de Abril, da Cons­ti­tuição e do re­gime de­mo­crá­tica que ela con­sagra e pro­jecta.

Ini­ci­a­tiva e acção

Por­tador de um pa­tri­mónio ímpar de em­pe­nha­mento na uni­dade e con­ver­gência dos de­mo­cratas e pa­tri­otas que as­piram a trans­for­ma­ções pro­gres­sistas na so­ci­e­dade por­tu­guesa, tal como ao longo de mais de 94 anos de his­tória, o PCP não fal­tará em ne­nhum mo­mento, sejam quais forem as cir­cuns­tân­cias, à de­fesa e afir­mação dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, para uma vida me­lhor num Por­tugal com fu­turo.

Cons­ci­entes do seu papel, as or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do PCP pers­pec­tivam a de­fi­nição e pla­ni­fi­cação de ob­jec­tivos de re­forço do Par­tido no quadro da Re­so­lução «Mais or­ga­ni­zação, mais in­ter­venção, maior in­fluência – um PCP mais forte», dando par­ti­cular atenção ao re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho, cri­ando e re­for­çando cé­lulas, re­cru­tando e in­te­grando os novos mi­li­tantes, des­ta­cando e res­pon­sa­bi­li­zando qua­dros, in­ten­si­fi­cando a ini­ci­a­tiva e a acção po­lí­ticas e de massas, di­na­mi­zando e re­for­çando or­ga­nismos.

Os tra­ba­lha­dores e o povo podem contar sempre com o PCP para apoiar po­lí­ticas que cor­res­pondam ao pro­jecto de so­ci­e­dade con­sa­grado na nossa Cons­ti­tuição. Podem contar sempre com o PCP para uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, na de­fesa dos sa­lá­rios e pen­sões, da jus­tiça so­cial, da pro­dução na­ci­onal, do em­prego com di­reitos, dos ser­viços pú­blicos e das fun­ções so­ciais do Es­tado, do de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e da so­be­rania na­ci­onal.

 



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