Pobreza atinge um quarto da população na UE

122 milhões de excluídos

A po­breza con­tinua a au­mentar nos países da União Eu­ro­peia, afec­tando já muito perto de um quarto da po­pu­lação, se­gundo dados ofi­ciais, di­vul­gados este mês pelo Eu­rostat.

A po­breza alastra no bloco mais rico do mundo

Image 19246

Se­gundo os dados do ga­bi­nete de es­ta­tís­ticas da União Eu­ro­peia, em 2014, cerca de 122 mi­lhões de pes­soas, ou seja, 24,4 por cento da po­pu­lação na União Eu­ro­peia, es­tavam em risco de po­breza ou de ex­clusão so­cial.

Isto sig­ni­fica que estas pes­soas eram afec­tadas por pelo menos uma das três se­guintes con­di­ções: em risco de po­breza (po­breza mo­ne­tária), ou seja, au­fe­riam menos de 60 por cento do ren­di­mento me­diano do res­pec­tivo país, de­pois das trans­fe­rên­cias so­ciais; em si­tu­ação de po­breza se­vera (sem meios para pagar casa ou ser­viços es­sen­ciais); ou em fa­mí­lias de baixa in­ten­si­dade de tra­balho, isto é, pra­ti­ca­mente ex­cluídas do mer­cado de tra­balho.

O es­tudo re­vela que após três anos con­se­cu­tivos de agra­va­mento da po­breza e ex­clusão na UE, ve­ri­fi­cados entre 2009 e 2012, re­gistou-se uma li­geira quebra em 2013, si­tu­ação que não so­freu pra­ti­ca­mente al­te­ra­ções em 2014.

Por ou­tras pa­la­vras, se a po­breza pa­rece ter es­ta­bi­li­zado no ano pas­sado, con­tinua mais ele­vada do que a re­gis­tada em 2008.

Ora, um dos ob­jec­tivos chave pro­cla­mados pela cha­mada «Es­tra­tégia 2020», apro­vada em Junho de 2010, era pre­ci­sa­mente a re­dução do risco de po­breza e ex­clusão so­cial nos países da UE. Mas o con­trário acon­teceu, mesmo nos países mais ricos, como a Ale­manha, que conta hoje com 16,5 mi­lhões de po­bres.

Na re­a­li­dade, entre 2008 e 2014, o risco de po­breza ou de ex­clusão so­cial au­mentou em 14 es­tados-mem­bros. As mai­ores su­bidas ve­ri­fi­caram-se na Grécia, de 28,1 passou para 36 por cento (+7,9 pontos per­cen­tuais), Es­panha (+4,7 pp), Chipre (+4,1 pp), Malta (+3,7 pp), Hun­gria (+2,9 pp) e Itália (+2,8 pp).

In­ver­sa­mente, entre os es­tados que mais re­du­ziram a po­breza so­bres­saem a Po­lónia, que baixou de 30,5 para 24,7 por cento, (-5,8 pp), a Ro­ménia (-4 pp) e a Es­lo­vá­quia (-2,2 pp).

Em per­cen­tagem da po­pu­lação, a Ro­ménia (40,2%), Bul­gária (40,1%) e a Grécia (36%) são os países com taxas de po­breza mais ele­vadas.

No outro ex­tremo, com os me­nores ín­dices de po­breza, des­tacam-se a Re­pú­blica Checa (14,8%), Suécia (16,9%), Ho­landa (17,1%), Fin­lândia (17,3%) e a Di­na­marca (17,8%).

No mesmo pe­ríodo, de acordo com o Eu­rostat, a po­breza em Por­tugal au­mentou de 26 para 27,5 por cento, atin­gindo mais de 2,8 mi­lhões de pes­soas.

Po­bres em­po­brecem

Ana­li­sando se­pa­ra­da­mente cada uma destas três ca­te­go­rias, cons­tata-se que o risco de po­breza («po­breza mo­ne­tária») au­mentou em 2014 em 18 es­tados-mem­bros, atin­gindo 17,2 por cento da po­pu­lação (+0,6% em re­lação a 2013).

Já no que res­peita às fa­mí­lias com «baixa in­ten­si­dade de tra­balho», o seu nú­mero não cessa de au­mentar, re­pre­sen­tando 11,1 por cento da po­pu­lação em 2014, contra 9,1 por cento em 2008.

Di­rec­ta­mente re­la­ci­o­nado com o au­mento do de­sem­prego, este úl­timo in­di­cador du­plicou pra­ti­ca­mente em Por­tugal, pas­sando de 6,3 para 12,2 por cento no pe­ríodo as­si­na­lado.

Por úl­timo a per­cen­tagem da po­pu­lação que vivia em con­di­ções de «pri­vação se­vera» na UE era de 8,9 por cento, em 2014. Em­bora tenha di­mi­nuído em re­lação ao ano an­te­rior, con­tinua acima do nível de 2008 (8,5%).




Mais artigos de: Europa

União pela educação

Mi­lhares de do­centes e es­tu­dantes ma­ni­fes­taram-se, no sá­bado, 24, em toda a Itália, contra a re­forma da edu­cação, co­nhe­cida como «La buona scuola».

Direita regressa ao poder

O partido Lei e Justiça (PiS), liderado por Jaroslaw Kaczynski, venceu as eleições legislativas, realizadas no domingo, 25, na Polónia, com 37,6 por cento dos votos, ou seja, conquistando 232 lugares em 460 no parlamento nacional. Estes resultados, divulgados na segunda-feira à...

Protesto contra NATO em Espanha

A Plataforma Global contra as Guerras manifestou-se no sábado, 24, em Madrid, em protesto pela realização das maiores manobras da NATO de todos os tempos, entre os meses de Outubro e Novembro, desde águas de Gibraltar até às costas de Almeria. A manifestação...

Blair desculpa-se por invasão do Iraque

O antigo primeiro-ministro britânico pediu desculpa pelas falsas informações que usou para agredir o Iraque, assim como por alguns erros no planeamento e sobretudo pelo erro de previsão «do que aconteceria após o derrubamento do regime» de Saddam Hussein. Em entrevista...

Roteiro da expulsão

Na República Checa, têm sido detidos refugiados e migrantes desde o Verão, sendo vários deles obrigados a pagar pela sua detenção, a qual pode chegar até 90 dias. Estas detenções são feitas em condições descritas como degradantes, piores...