Uma Festa sem preconceitos
Enquanto inúmeros festivais e acontecimentos culturais por todo o País têm merecido grande destaque mediático, a Festa do Avante! aproxima-se rapidamente sem que a sua presença nos órgãos de comunicação social corresponda minimamente à sua dimensão, quer política quer cultural.
O tratamento pela imprensa tem sido feito de forma quase exclusiva como se fosse uma outra iniciativa político-partidária entrincheirada na designação de «rentrée». Mas a Festa do Avante!, com o seu amplo e vasto programa cultural, da música à gastronomia, do cinema aos debates, do teatro às artes plásticas, é muito mais do que isso. O preconceito com que é abordada pela comunicação social nacional é claro, particularmente quando se compara com o destaque que é dados aos festivais de música. Mas a Festa é muito mais que um festival de música ou mais uma iniciativa do PCP, e todos os que a conhecem sabem-no bem. Ao contrário do que tentam vender, não se trata de um regresso à intervenção política pelo PCP: não só pelo muito que a Festa oferece, mas também porque o Partido não fecha para férias – como a própria construção e preparação da Festa o demonstra.
Desde Março já foram enviadas aos órgãos de comunicação social oito notas de imprensa: desde o lançamento da EP, passando pelas várias expressões culturais, até ao concerto de sexta-feira «A Festa vai ao Cinema». Desta pequena amostra das razões pelas quais o primeiro fim-de-semana de Setembro está marcado há muito na agenda de tantos – mulheres e homens de todas as idades, com ou sem partido – pouco se viu na imprensa nacional e fomos assistindo a um apagamento esmagador da diversidade que está patente na Festa. Essa mesma imprensa nacional, particularmente as televisões, procurou ocultar do País a conferência de imprensa de apresentação da edição deste ano, quando poucos dias antes apresentavam com grande destaque uma iniciativa idêntica de um festival de música em Lisboa e apresentam como novidade em certos eventos o destaque dado à música portuguesa e ao acolhimento das famílias, o que sempre foi característico da Festa do Avante!.
Mas se a Festa tem sido menorizada pela comunicação social nacional, são cada vez mais os órgãos de imprensa alternativa e especializada, os blogs e os órgãos locais e regionais que a têm reconhecido como acontecimento único no panorama nacional.
Faltam ainda algumas semanas para a Festa e a partir de agora teremos que estar preparados para que, à semelhança de outros anos, o tratamento mediático vá sofrendo alterações. A dimensão e projecção da Festa pode obrigar a que o tratamento dos seus três dias seja mais profundo, ainda que não se dispa de tentativas de a caricaturar e aos que asseguram a sua construção e funcionamento. Mas se não podemos deixar de o denunciar, a melhor forma que cada um de nós tem para desmontar os vários preconceitos e rótulos que a imprensa tenta impor à Festa é levar connosco todos os que pudermos, que de lá hão-de sair com uma certeza – não há Festa como esta!