Derrotar política de direita é central

CGTP-IN rejeita fatalidade

A não ser travada e invertida a imposição da política de direita, as suas consequências continuarão a fazer-se sentir, particularmente no desemprego e crescimento económico, adverte a CGTP-IN.

«A resolução dos problemas do País passa pela ruptura com a política de direita»

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Reagindo às previsões constantes num relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado esta semana (segundo o qual o desemprego em Portugal demorará 20 anos a regressar aos índices pré-troika), a Intersindical Nacional considera que o texto do «”parceiro de coligação” do Governo PSD/CDS confirma aquilo que há anos a CGTP-IN denuncia: a política de retrocesso social e civilizacional levada a cabo pelo memorando da troika e pelo Governo português, para além dos efeitos calamitosos que teve nomeadamente na área social, a não ser travada e invertida, continuará a ter consequências muito negativas a longo prazo, particularmente no desemprego, nas desigualdades e empobrecimento».
«Ao considerar que a taxa de desemprego só atingirá os níveis anteriores ao programa da troika daqui a 20 anos, isto é, em 2035, o FMI reconhece que a política de cortes nos salários, nas pensões, na protecção e apoios sociais, na redução dos direitos, na destruição do sector produtivo e na degradação da qualidade do emprego, pôs em causa direitos fundamentais dos trabalhadores e do povo, afundou economicamente o País, deixou-o refém do Tratado Orçamental e com uma dívida pública impagável», precisa a central sindical.
A Confederação nota ainda que mais importante do que constatar que o anémico crescimento económico está na base da taxa de desemprego, e que sem estímulo ao consumo e investimento, nomeadamente público, «não haverá qualquer alteração de fundo», importa «assacar responsabilidades aos que (…) teimam em defender a continuidade desta política».
Assim, a CGTP-IN defende que «a resolução dos problemas do País passa pela ruptura com a política de direita e a adopção de uma política de esquerda e soberana, indissociável de um crescimento económico ao serviço da população, da criação de emprego de qualidade e com direitos, do aumento geral dos salários e das pensões, de uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, da defesa e reforço das funções sociais do Estado e do cumprimento da Constituição da República Portuguesa».
 

Receita desastrosa 

No documento anual relativo à análise e estimativas do emprego e economia nos 19 países da UEM, publicado segunda-feira, 27, o FMI atribui à falta de competitividade da economia nacional a previsão de uma taxa de desemprego superior a 7,6 por cento (registada em 2008) pelo menos até ao ano de 2035. O Fundo alerta, também, para o elevado e prolongado desemprego jovem, falando mesmo numa «geração perdida», expressão que, no quadro da corrente crise do sistema capitalista, tem sido abundantemente usada pela Organização Internacional do Trabalho, mas raramente pelo FMI.
O mesmo FMI, em artigo escrito igualmente no início desta semana pelo seu chefe de missão para a zona euro, aconselha países como Portugal a aproveitarem a actual descida das taxas de juro, decorrentes da compra de dívida soberana por parte do Banco Central Europeu, para «pagar a sua dívida [soberana]». Ou seja, enquanto que para nações com margem orçamental, casos da Alemanha e da Holanda, o caminho indicado pelo FMI é o de investirem os respectivos excedentes ao mesmo tempo que procedem a «reformas estruturais», para Portugal a instituição insiste... na mesma receita que está na base das «perspectivas de médio prazo menos animadoras» nos territórios ditos deficitários, nomeadamente quanto ao desemprego e ao crescimento económico.

 



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