A causa das causas e a causa das coisas
O PS decidiu plantar pelo País umas largas centenas de cartazes de grande formato repetindo por três vezes a palavra «Emprego» à qual chama «a causa das causas». É uma espécie de regresso ao passado, numa estratégia já ensaiada em 2005 quando na altura assumiam o compromisso também em formato de cartaz de «recuperar 150 mil empregos». Os anos que se seguiram mostraram que tal promessa valia tanto como um saco cheio de vento: o desemprego (em sentido restrito) subiu durante esses últimos seis anos de governos PS (até 2011) de 7,6 por cento para uns nunca vistos 12,7 por cento.
Desta vez foram mais prudentes. Fogem ao compromisso da quantificação, mas mantém o mesmo embuste, dirigindo-se ao povo português com uma promessa que sabem não pretender vir a cumprir.
A luta contra o desemprego é uma causa de facto! Uma causa tão mais importante quanto ela representa o combate a esse enorme factor de exploração e empobrecimento dos trabalhadores portugueses que atinge na actualidade mais de um milhão e duzentos mil pessoas. Desemprego que representa também no plano económico um enorme desperdício de recursos do País, um factor de pressão sobre a Segurança Social e sobre os recursos do Estado e que já empurrou nos últimos 4 anos cerca de meio milhão de trabalhadores para a emigração (colocando problemas no presente, mas sobretudo para o futuro). Mas olhando para o percurso, os compromissos, as declarações e até para o próprio programa eleitoral do PS, aquilo que encontramos é, nada mais nada menos, a continuação da mesma política de direita que nos conduziu ao desastre: combate ao desemprego, mas não se toca na dívida mantendo esse garrote que suga o País; combate ao desemprego, mas nem sequer se questiona a necessidade de o País se libertar da submissão ao euro e das imposições da UE; combate ao desemprego, mas querem prosseguir com a mesma política de privatizações, de desvalorização da produção nacional, de favorecimento dos interesses dos monopólios; combate ao desemprego, mas apontam medidas de facilitação dos despedimentos e de eternização da precariedade laboral.
Bem podem falar na «causa das causas», mas a verdade é que não há combate ao desemprego, nem desenvolvimento, nem futuro, sem romper com a política de direita, sem romper com a causa das coisas.