Defender a Casa do Douro
Cerca de 300 viticultores participaram, dia 17, na concentração que a Avidouro promoveu em Peso da Régua para denunciar a entrega da Casa do Douro (CD) aos grandes interesses económicos.
Avidouro rejeita extinção da Casa do Douro como instituição pública
«A força dos viticultores é o futuro do Douro! Não ao roubo da Casa do Douro!», lia-se numa faixa que alguns manifestantes seguravam, em alusão ao concurso decretado pelo Ministério da Agricultura e do Mar, «feito à medida» – criticou a Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro – «para entregar a CD e o seu património aos grandes interesses económicos e à CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)».
No decorrer da concentração, os viticultores durienses assinalaram o «roubo» que lhes está a ser feito fechando a porta da CD a cadeado, para assim impedirem, de forma simbólica, a entrada da nova gestão privada; colocando uma faixa negra na estátua do paladino duriense Antão Fernandes de Carvalho; e tocando os sinos a rebate.
Na ocasião, usaram da palavra alguns viticultores, o dirigente da Confederação Nacional da Agricultura, João Dinis, e a presidente da Avidouro, Berta Santos. Para além de referir a situação dos trabalhadores da CD, há vários meses sem receberem, Berta Santos exigiu a anulação da lei que extingue a Casa do Douro como instituição de direito público, transformando-a numa mera associação privada; mais «benefício» para as uvas desta campanha; a defesa intransigente, por parte do Governo, do direito de plantação na Região Demarcada do Douro.
Jorge Humberto e Agostinho Lopes, do Comité Central, e João Frazão, da Comissão Política do Comité Central, integravam a delegação do PCP que participou na acção de protesto. Manifestando a solidariedade do Partido para com a luta dos viticultores, Agostinho Lopes lembrou as responsabilidades de PSD, CDS e PS na destruição de uma instituição fundamental para a região, bem como na sua entrega aos grandes interesses da CAP e das casas exportadoras. O dirigente comunista sublinhou ainda as iniciativas apresentadas pelo PCP na Assembleia da República em defesa da CD e a proposta de um conjunto de audições a entidades intervenientes no processo de entrega da instituição à Federação Renovação Douro.
Na concentração, foi lido um documento da Avidouro, aprovado por unanimidade pelos presentes e posteriormente entregue ao vice-presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. Nele se afirma que o Ministério da Agricultura e o Governo «querem entregar a CD e o património da lavoura duriense a uma tal Federação Renovação Douro, que apadrinham», e que, para o efeito, «até engendraram um concurso, nada transparente e mesmo viciado, para dar o resultado à partida desejado».
A Avidouro, para quem a dita federação reúne os «velhos inimigos do Douro» e da sua lavoura – os grandes interesses económicos, as casas exportadoras e agentes da CAP –, reafirma que a CD se deve manter como entidade pública, dotada de poderes públicos e com acesso «a um justo plano de saneamento financeiro apoiado pelo Estado/Governo».