Greves no Metro, Carris e STCP

Impedir o assalto

A decisão política do Governo de entregar ao capital privado a exploração das empresas públicas de transporte urbano de passageiros em Lisboa e no Porto confronta-se com a firme oposição dos trabalhadores.

A privatização lesa o Estado, os utentes e os trabalhadores

Image 18075

Para os próximos dias, estão convocadas greves na STCP, na Carris e no Metropolitano de Lisboa. A luta dos trabalhadores ganha mais força com os argumentos que as suas organizações representativas têm apresentado, particularmente face aos cadernos de encargos dos concursos públicos de subconcessão, à medida que estes vão sendo conhecidos.

No Porto, a transportadora rodoviária tem paralisação marcada para dia 11, segunda-feira, pela defesa do carácter público da STCP e pela reposição do número de trabalhadores necessários para garantir a oferta programada e acabar de vez com a sistemática supressão diária de dezenas de carreiras, como referiu a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. A Fectrans/CGTP-IN, ao anunciar a luta, salientou que ela é travada «em defesa da componente social desta empresa, ao serviço da região e dos utentes», «assente num colectivo de trabalhadores motivados através do cumprimento do Acordo de Empresa e da melhoria das condições de vida e trabalho».

«Faz lembrar o ditado “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”», comentou no dia 24 de Abril, um membro da Comissão de Trabalhadores da Metro do Porto, a propósito dos milhões de euros que o secretário de Estado dos Transportes disse que seria poupados com a concessão ao consórcio espanhol da TMB/Moventis. A CT, como explicou Nuno Ortigão à agência Lusa, desconhece totalmente o conteúdo deste contrato e receia que a expansão da rede tenha ficado hipotecada por dez anos.

Na Carris, CarrisBus e CarrisTur, a Fectrans reafirmou anteontem o apelo à construção de uma grande greve no dia 14, quinta-feira, unindo todos os trabalhadores «na defesa de uma só Carris pública». Num comunicado aos trabalhadores, a federação valorizou a participação na marcha de 22 de Abril, que trouxe para a rua a forte unidade verificada na greve de dia 10, data em que num plenário, em Santo Amaro, foi aprovada uma deslocação à Assembleia da República. Sem rejeitar outras iniciativas, como um debate sobre o caderno de encargos da concessão, a Fectrans defendeu que este é compatível com o cumprimento da decisão do plenário e assinalou a necessidade de dar continuidade à luta, após o dia 14.

A federação enviou a todas as organizações de trabalhadores uma proposta para que, além das acções em cada empresa, se prepare desde já «um momento de unidade e luta de todas as empresas de transportes sujeitas a processos de privatização». No sítio da Fectrans foi divulgado um estudo sobre o caderno de encargos que o Governo preparou para a Carris.

Depois da greve parcial de 28 de Abril, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa voltam a paralisar a 19 de Maio. A CT do Metro também já divulgou um detalhado estudo sobre o caderno de encargos da subconcessão.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Professores revoltados

São cada vez mais os professores em greve à actividade relacionada com o «exame Cambrigde», que ontem à tarde ia ter prova escrita. Mas do MEC só vêm mais motivos de revolta.

Luta firme na BA Vidro

Nos dias 3 e 4 de Maio os trabalhadores da BA Vidro na Marinha Grande e na Venda Nova (Amadora) voltaram à greve, com forte adesão, pela restituição de direitos contratuais retirados pela administração desde Janeiro de 2013. Trata-se de um inaceitável desrespeito pelos...

Persistir traz resultados

Depois de os trabalhadores da Confeitaria Real, em Vila Real de Santo António, realizarem uma concentração, em protesto, no dia 28 de Abril (na foto), «o patrão assumiu que irá tomar as medidas necessárias para corrigir os erros, respeitando os direitos consagrados no...

Prémios e deméritos da Teleperformance

O estímulo à «bufaria» foi tornado público pelo CESP     A contrastar com os seis prémios de «great place to work» («melhor local para trabalhar») que a filial portuguesa da multinacional Teleperformance já...