Luta firme na BA Vidro

Nos dias 3 e 4 de Maio os trabalhadores da BA Vidro na Marinha Grande e na Venda Nova (Amadora) voltaram à greve, com forte adesão, pela restituição de direitos contratuais retirados pela administração desde Janeiro de 2013. Trata-se de um inaceitável desrespeito pelos direitos dos trabalhadores por parte da administração, constituída por alguns quadros do Grupo Sonae, como é o caso de Carlos Moreira da Silva, chairman do Grupo BA Vidro em Portugal e que há pouco tempo voltou a assumir também altas responsabilidades na Sonae.
Cinco anos depois de, em 1993, ter recebido de mão beijada a intervencionada CIVE, na Marinha Grande, a Barbosa & Almeida foi entregue ao grupo de Belmiro de Azevedo. Desde essa altura, repetem-se os boicotes da negociação do contrato colectivo de trabalho. Foi reduzido o valor do trabalho em dias feriados, foram retirados os dias de compensação e respectivos subsídios de alimentação. A BA Vidro expandiu o negócio para Espanha e, há três anos, para a Polónia, depois de ter comprado em 2008 o Grupo Sotancro. Lidera a produção de embalagens de vidro e os accionistas têm embolsado centenas de milhões de euros, lucros que cresceram nos últimos cinco anos.
Os trabalhadores, pelo contrário, têm visto os seus direitos espezinhados e o seu nível de vida afundar-se. A isto se somam as ameaças, as chantagens e o ambiente quase persecutório que os chefes de produção impõem, a mando da administração. Neste quadro, a primeira participação de vários jovens trabalhadores da BA Vidro numa acção de luta desta envergadura tem especial relevância.
Os trabalhadores começaram por realizar, em Fevereiro, um abaixo-assinado a exigir a restituição dos dias de compensação e a reposição do subsídio de refeição nestes dias; a reposição do valor pago pelos feriados e pelo trabalho suplementar, respeitando o CCT, como sucedia até 2012; e a negociação de um acordo de empresa (a exemplo da Santos Barosa e da Gallo Vidro), consagrando todos os direitos do contrato colectivo no subsector do vidro de embalagem.
As greves de 24 de Fevereiro, na Venda Nova, de 22 e 23 de Março, em Avintes, na Marinha Grande e na Venda Nova, e de 4 de Abril, na Venda Nova, tiveram uma grande participação e derrotaram a prepotente acusação patronal de que os trabalhadores não queriam abdicar de direitos «ultrapassados». A administração foi obrigada a negociar, embora ainda sem resultados.
Recusando «vender» ou «trocar» direitos fundamentais, os trabalhadores voltaram à luta, mantendo a boa adesão e reforçando a unidade, manifestando a determinação de não baixarem os braços na defesa das reivindicações.
O PCP esteve onde é sua obrigação estar: com os trabalhadores da BA Vidro e a sua justa luta.

FM

 



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