Greve grandiosa
Com uma adesão média de cerca de 80 por cento, a greve nacional da Administração Pública, no dia 13, demonstrou unidade e perseverança para derrotar o Governo e a política de ataque aos trabalhadores e aos serviços públicos.
A greve visou também defender os serviços públicos atacados pelo Governo
A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, que convocou esta jornada, apoiada por praticamente todas as demais organizações com representação sindical no sector, saudou «a grandiosa greve nacional e todos os trabalhadores em luta pela defesa dos seus direitos e dos direitos de todos os cidadãos», indicando uma «adesão massiva, que ronda os 80 por cento», com destaque para os sectores da Saúde, Educação, Justiça, Finanças e autarquias locais.
«Com a perda brutal de rendimentos, estes trabalhadores abdicam de um dia de salário e param para que o País avance: em defesa de serviços públicos para todos e do acesso de todos os cidadãos ao exercício dos seus direitos fundamentais – Saúde, Educação, Segurança Social, Justiça, Cultura, em defesa do Poder Local», assinalou a Frente Comum.
Depois de lembrar que os trabalhadores têm travado «lutas contínuas na defesa dos seus direitos», a Frente Comum afirma que eles «demonstraram hoje a sua unidade e perseverança». Com a adesão à greve, afirmaram que «não deixarão de resistir, contra políticas de destruição dos serviços públicos e das funções sociais do Estado».
A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, ao saudar os trabalhadores da Administração Central, situou o nível de adesão à greve entre 80 e 82 por cento e registou, como consequências visíveis, o encerramento de centenas de estabelecimentos de Educação e Ensino da rede pública, a limitação aos serviços mínimos nos serviços hospitalares, o encerramento ou funcionamento reduzido de outros serviços de Saúde e de Finanças, tribunais e serviços desconcentrados do Estado.
Quase um milhão de alunos sem aulas, devido à conjugação da greve de trabalhadores docentes e não docentes, representa «uma grande resposta» dada no dia 13 «a um Governo que tem vindo a impor políticas que fragilizam a organização e funcionamento das escolas públicas e, ao mesmo tempo, levam a uma degradação cada vez maior das condições de trabalho e de vida dos seus profissionais». No comunicado da Federação Nacional dos Professores, são lembradas algumas medidas e garante-se que a luta dos docentes vai continuar, enquanto o rumo não for invertido.
Mesmo entre os trabalhadores destacados para prestar serviços mínimos, houve muitos casos de expressa declaração de adesão à greve, ostentando autocolantes sindicais. Um caso especialmente grave foi denunciado pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que acusou o juiz do Tribunal Arbitral de querer boicotar a greve, ao tomar a iniciativa unilateral de impor serviços mínimos acima do que tem sido normal há duas décadas. O SEP registou níveis de adesão de 75, 71 e 68 por cento, nos turnos da noite, manhã e tarde.
A greve provocou «o encerramento de várias câmaras e de outras entidades da Administração Local e visíveis paralisações na generalidade dos serviços». Para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, ficou demonstrada, «mais uma vez, a forte disposição dos trabalhadores em continuar a luta contra a desastrosa política de austeridade e de destruição dos direitos laborais, pela reposição dos salários e descongelamento das progressões, pela publicação imediata dos acordos colectivos que consagram as 35 horas e contra a ingerência do Governo na contratação colectiva», bem como «na defesa da autonomia do Poder Local democrático, contra o desmantelamento e entrega a privados de serviços públicos essenciais».
O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa lembrou as difíceis condições em que a luta foi desenvolvida e destacou os elevados índices de adesão no Regimento de Sapadores Bombeiros (97 por cento) e nas oficinas de manutenção (80 por cento), mas também na recolha de lixo e em juntas de freguesia.
Não vai parar
«A luta dos trabalhadores contra a política de direita não vai parar», garantiu a CGTP-IN, na saudação aos trabalhadores da Administração Pública e às suas organizações sindicais. Do nível de adesão «muito elevado em todo o País», a Intersindical salientou a «paralisação a cem por cento em muitos sectores, unidades e serviços das áreas da Saúde, da Educação, da Segurança Social, da Justiça, da Administração Local, Regional e Central».
No dia 13, «os trabalhadores da Administração Pública afirmaram mais uma vez o seu compromisso com a luta mais geral dos trabalhadores portugueses, pela defesa da Constituição e pelo direito de todos os cidadãos a uma Administração Pública de qualidade, ao serviço das populações e do País».
A CGTP-IN «exorta à mobilização dos trabalhadores e do povo português para multiplicar os protestos e as lutas», de modo a «acabar com este Governo, derrotar a política de direita e afirmar a exigência de uma política alternativa, de esquerda e soberana, por um Portugal com futuro». No imediato e em concreto, «é preciso derrotar a ofensiva privatizadora sobre os serviços públicos e as funções sociais do Estado»; há que «acabar com a política de exploração e empobrecimento, assente na precariedade, na instabilidade e na insegurança dos trabalhadores da Administração Pública, na redução dos seus vencimentos e das pensões de aposentação, na recusa do direito constitucional à negociação colectiva e na eliminação de direitos conquistados».