Ai vem, vem!...
O Governo aprovou na semana passada um Plano Estratégico para as Migrações, que inclui um conjunto de medidas de incentivo ao regresso de emigrantes ao País, nomeadamente, o apoio a empresas que contratem portugueses a viver no estrangeiro em situação de desemprego e o programa específico VEM (Valorização do Empreendedorismo Emigrante), destinado a apoiar «projectos de criação do próprio posto de trabalho, ou empresa, por parte de emigrantes com intenção de regressar a Portugal e empreender», no dizer do secretário de Estado adjunto do ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional.
Ou seja, depois do convite explícito do primeiro-ministro (e de outros membros do Governo), tempos atrás, à emigração dos jovens; depois de ter empurrado para a emigração mais de 400 000 portugueses (o equivalente à população do distrito de Coimbra), só nos últimos três anos, com o aproximar de eleições, o Governo saca da cartola o VEM (sigla que se confunde com uma espécie de apelo ao retorno dos portugueses que a política de exploração e empobrecimento obrigou a emigrar) e, num acto de magia negra, lança a ilusão de estar a resolver o drama social da emigração forçada.
Numa primeira fase, diz o adjunto secretário de Estado, o programa vai ajudar a lançar «até 40, 50 projectos». É caso para perguntar: com tão «magnânimo» apoio, quantas centenas de emigrantes vão ser abrangidos? Certamente uma gota de água no imenso oceano das saídas. Mas o bastante para alimentar mais uma campanha da demagogia populista tão ao gosto do grande vendedor da banha da cobra de serviço no Governo, o ministro Paulo Portas.
Para atrair emigrantes é preciso romper com a política de direita prosseguida por PS, PSD e CDS nos últimos 38 anos e com a integração capitalista da União Europeia dos últimos 28. É precisa uma alternativa política patriótica e de esquerda, como defende o PCP.
Ou será que o Governo vem agora com o VEM só porque sente que depois da derrota social aí vem o tempo da derrota eleitoral?... Ai vem, vem!...