Velharias

Ângelo Alves

As próximas eleições são determinantes para o País e também «especiais» porque inseridas num «carrossel» de eleições na Europa. Fala-se muito agora de «estabilidade». Porquê? Porque os sinais de distanciamento dos povos face aos partidos da ideologia dominante são vários em vários países. E para alguns vale tudo para tentar travar essa «instabilidade». Em Portugal anda na cabeça de muita «boa» gente uma preocupação: o PCP é, claramente, o único Partido que defendendo coerente e persistentemente uma ruptura com a política de direita e com os constrangimentos da União Europeia, se tem vindo a reforçar política, orgânica e eleitoralmente. É preciso urgentemente salvar a alternância para manter a mesma política!

Solução? Silenciar ou atacar o PCP, dizer que o problema é da democracia, repetir mil vezes que as eleições não vão servir para nada, criar válvulas de escape e se necessário apelar veladamente à abstenção. Multiplicam-se os apelos ao conformismo. Cavaco, em Paris, afirma que seja qual for o próximo governo a política não pode mudar. Miguel Cadilhe, ex-ministro das finanças de Cavaco, em Gaia, afirma que as eleições não vão mudar nada e que o que é preciso é mais «reformas».

Entretanto o jornal diário propriedade da SONAE pega num debate do fim-de-semana e faz uma «notícia» com o título: «O envelhecimento, a corrupção, o PCP e Abril preservaram o sistema político». Retirando o facto de o título contradizer algumas das ideias contidas na dita «notícia», o que dele sobressai é uma clara síntese do pensamento daqueles que nunca se conformaram com Abril, com as suas conquistas e com uma Constituição da República que se coloca do lado dos trabalhadores e do povo. Tal como não se conformam com o facto de o PCP ser vigoroso defensor dos valores de Abril e de ser reconhecido por isso. Ao maquiavelismo deste título a realidade responde com o facto de que o PCP se afirma crescentemente como a real alternativa à velha política de direita e ao seu «sistema político» de alternância no poder. A velha e caduca política de direita que o PCP e todo o povo português – incluindo os mais idosos, portadores de sabedoria, memória e experiência – derrotarão, abrindo caminho ao novo, com Abril no futuro de Portugal!




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