Ataque a direitos e à soberania
O PCP promoveu anteontem ao final da tarde um debate público no qual condenou os objectivos do Tratado Transatlântico EUA-UE (TTIP), que considera uma «ameaça contra os trabalhadores e os povos».
Tratados semelhantes foram já derrotados pela luta dos povos
Apesar do secretismo em que se desenrolam as negociações entre os pólos imperialistas dos dois lados do Atlântico, foram muitos os que responderam ao apelo do PCP e participaram na sessão pública da passada terça-feira, 3, enchendo por completo o salão em que esta se realizou. Na intervenção final, Jerónimo de Sousa começou precisamente por denunciar a «forma sigilosa e opaca, nas costas dos povos», em que este acordo está a ser negociado.
Quebrado algum do secretismo, devido à pressão popular, foi possível conhecer parte do seu conteúdo e constatar a reveladora «assídua e activa presença» nas negociações das confederações e dos representantes do grande capital ligados à banca e à indústria.
Inserindo o TTIP na crise do capitalismo e no processo de rearrumação de forças à escala global que actualmente se verifica, o Secretário-geral do Partido denunciou aqueles que são os objectivos centrais do acordo: assegurar a rentabilidade do grande capital transnacional pela via da centralização e concentração do capital, da completa mercantilização da vida económica, social e cultural e da imposição de uma regressão social de dimensão civilizacional. O TTIP é, assim, um instrumento com o qual os EUA e a UE procuram «assegurar os interesses do grande capital norte-americano e europeu», constrituindo uma verdadeira NATO económica.
Lembrando as «sérias ameaças» que a entrada em vigor do TTIP encerrará para os trabalhadores, o povo e o País, o dirigente comunista denunciou ainda o que ele representaria de golpe na soberania nacional e no regime democrático.
Rejeitando a adopção de uma atitude expectante face ao desenrolar das negociações, o dirigente do PCP garantiu que a derrota do TTIP exige e passa, essencialmente, pela «ampliação da luta dos trabalhadores e dos povos» contra a sua adopção, garantindo que «nada pode obrigar Portugal a aceitar a posição de Estado subalterno, a alienar a sua independência e soberania nacionais e a renunciar
ao direito de optar pelas suas próprias estruturas sócio-económicas e pelo seu próprio regime político». O combate contra o TTIP, acrescentou, insere-se na luta pela alternativa patriótica e de esquerda.
No debate participaram ainda Carla Cruz e Miguel Viegas, respectivamente deputados do PCP na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.