Pobreza e desigualdade agravadas
A CGTP-IN considera que os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no final de Janeiro «demonstram que a pobreza e a desigualdades estão a agravar-se nos últimos anos em consequência da política do executivo PSD/CDS».
O primeiro-ministro Passos Coelho, confrontado com os números oficiais, considerou que aquele fenómeno traduz «ecos do passado», mas a Intersindical Nacional contesta sublinhando não apenas que «Portugal está mais pobre em resultado da política de direita, responsável pela destruição de emprego e do aumento da precariedade do trabalho, pela diminuição do nível de vida devido aos cortes e à diminuição dos salários, das pensões e outras prestações da Segurança Social, e ao agravamento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho e pensões», mas também que «para 2015, o Governo não só mantém a mesma política como pretende agravá-la com mais ataques às prestações sociais e aos direitos dos trabalhadores».
A Inter sustenta a sua acusação chamando a atenção para alguns dos indicadores divulgados pelo INE e para o facto destes confirmarem que a tendência mantêm-se de forma agravada, nomeadamente:
– 27,5 por cento (2,9 milhões de pessoas) são incapazes de satisfazer necessidades básicas, mais 300 mil do que em 2011;
– A população em risco de pobreza passou de 17,9 por cento em 2009 para 19,5 por cento em 2013, mas quando o limiar da pobreza é calculado com base no rendimento médio de 2009, o índice de 2013 cresce para 25,9 por cento afectando todos os grupos etários;
– O emprego não é garantia de fuga ao risco de pobreza, tanto mais que quase 11 por cento dos trabalhadores empregados são pobres;
– Verifica-se um agravamento da desigualdade na distribuição do rendimento, já que em 2009 os 10 por cento da população mais rica ganhava em média 9,2 vezes mais do que os 10 por cento mais pobres, relação que, em 2013, passou para 11,1 vezes mais;
«Em suma, concluiu a CGTP-IN, as estatísticas do INE revelam um País mais pobre e desigual», no qual «o nível de vida médio da população baixou». Mas não foi assim para todos, acrescenta a Confederação sindical, notando que «os 25 por cento mais ricos dispunham de uma riqueza equivalente a 10 por cento do PIB português de 2013», facto que contrasta com a certeza de que sem as transferências e apoios da Segurança Social, 48 por cento dos portugueses seriam pobres.