Delegações do PCP e do PEV estiveram reunidas anteontem, na sede deste, a avaliar o valor da Coligação Democrática Unitária e do seu projecto eleitoral no qual, como afirmou Jerónimo de Sousa, o «trabalho, a honestidade e a competência são uma marca distintiva». Em declarações aos jornalistas, o dirigente comunista afirmou que do encontro saiu o compromisso de aprofundar o relacionamento existente entre os dois partidos – que, juntamente com a Associação Intervenção Democrática, compõem a CDU – e avaliar as possibilidades de uma convergência. Qualquer decisão formal tendo em vista as eleições legislativas será tomada, em devido tempo, pelos órgãos de direcção respectivos.

No que diz respeito à situação do País, Jerónimo de Sousa acusou o Governo de estar já a preparar-se para as eleições, ao procurar branquear os resultados dramáticos de três anos de agravamento da política de direita. A situação existente em áreas como a saúde ou o desemprego mostram a total falta de sustentação das afirmações do primeiro-ministro, para o qual o País estaria «no bom caminho». Em nome do Partido Ecologista «Os Verdes», Heloísa Apolónia sublinhou a necessidade de uma alternativa, para «pôr este País de pé e a caminhar».

Para além de Jerónimo de Sousa, compunham a delegação do PCP Jorge Cordeiro, do Secretariado e da Comissão Política, Jorge Pires, da Comissão Política, e a deputada Paula Santos. Do lado do PEV, integravam ainda a delegação Vítor Cavaco e Manuela Cunha.

Esforço de convergência

O PCP recebeu, no dia 8, uma delegação do Bloco de Esquerda. No final do encontro, realizado a pedido do BE, o Secretário-geral do PCP reconheceu a existência de diferenças e mesmo de divergências entre os dois partidos, mas sublinhou o esforço do PCP em buscar a convergência «naquilo que é necessário e possível», citando o exemplo da renegociação da dívida. Para Jerónimo de Sousa, os pontos de vista comuns existentes entre as duas forças «não sendo suficientes, são importantes».

Reafirmando a proposta do PCP para uma política alternativa patriótica e de esquerda e os caminhos para a alcançar, o dirigente comunista reafirmou a necessidade de juntar à convergência de democratas, patriotas, e forças políticas e sociais pela ruptura com a política de direita «mais forças» e «nova gente». Jerónimo de Sousa insistiu na ideia de que «o nosso País, o nosso povo, tem sempre alternativa».

Questionado sobre o PS, o dirigente do PCP desafiou-o a revelar se que quer o «apoio ou os votos da esquerda para continuar a política de direita», como até aqui tem feito. Essa é uma contradição que cabe ao PS, e só a ele, resolver.

A delegação do PCP, dirigida pelo Secretário-geral, integrava ainda Manuela Pinto Ângelo, do Secretariado, Jorge Pires, da Comissão Política, e a deputada Paula Santos. Da delegação do BE faziam parte Catarina Martins, Pedro Filipe Soares, Pedro Soares e Joana Mortágua.