Pesca e conservas ameaçadas
O PCP quer travar o encerramento da unidade de Peniche da empresa de conservas Ramirez, prevista para 31 deste mês. E responsabiliza o Governo por este desfecho.
A realidade desmente a propaganda sobre a «economia do mar»
As acções realizadas em Peniche em meados do mês passado, com a participação de João Ramos, foram apenas a face mais visível de uma intensa intervenção do PCP em defesa do aparelho produtivo e, em particular, dos sectores e empresas relacionados com o mar, como são os casos da pesca e da indústria conserveira.
Previsto para o último dia deste mês, o encerramento da fábrica da Ramirez, a concretizar-se, deixará 40 trabalhadores no desemprego – a menos que estes aceitem transferir-se para uma unidade da empresa no distrito do Porto, a única hipótese que lhes foi «oferecida». As organizações sindicais do sector afirmaram, nos encontros que realizaram com o PCP, que solicitaram reuniões com a ministra da Agricultura e com os grupos parlamentares do PSD e do CDS, não tendo obtido qualquer resposta.
Para o PCP, é «inaceitável que um processo de modernização, sempre importante, sirva de pretexto para encerrar a unidade, despedir e promover a precaridade laboral» e, ainda por cima, que o Governo o venha classificar como sendo de «interesse nacional». O facto de essa «modernização» ter sido realizada com recurso a dinheiros públicos dá ao caso uma gravidade suplementar. O Partido chama ainda a atenção para o facto de a pesca da sardinha, matéria-prima por excelência da indústria conserveira, estar «parada e em redução». Também sobre isto o Governo pouco ou nada diz.
A paragem da pesca da sardinha, que dura desde 19 de Setembro, surgiu num ano em que os pescadores notavam grande abundância desta espécie, garante o PCP, reafirmando a importância de preservar os recursos. Assim, não só os estudos devem ser adequados às novas realidades, integrando pescadores e armadores, como importa saber como é feito o acompanhamento da proibição em Espanha e como a informação entre os dois países é compatibilizada, tendo em conta que a gestão do stock de sardinha faz-se ao nível ibérico. O PCP realça que, devido à proibição da pesca da sardinha, a frota estará parada durante quase seis meses, algo que dificilmente o sector suportará.