Bélgica parou
A Bélgica ficou praticamente paralisada por uma greve geral contra a austeridade, realizada dia 15, que a frente comum de sindicatos qualificou de histórica.
Belgas dão mensagem clara de rejeição à austeridade
A laboração foi interrompida em todos os sectores da economia. Os transportes públicos urbanos não circularam, as estações e vias-férreas ficaram desertas e o espaço aéreo foi encerrado.
Não se efectuaram quaisquer percursos nas linhas de alta velocidade, seja o TGV, Thalys ou Eurostar, que normalmente ligam Bruxelas a Paris, Amsterdão e Londres.
Toda a navegação comercial com destino ou partida dos grandes portos de Zeebruges e Antuérpia ficou paralisada.
As escolas e serviços públicos, incluindo tribunais, encerraram. Os hospitais limitaram-se aos serviços de urgência, não havendo praticamente distribuição postal ou recolha de lixo.
A greve geral provocou igualmente o encerramento das grandes superfícies e até de parte do pequeno comércio.
Também as televisões e rádios funcionaram em serviços mínimos, com boletins de informação limitados. Os jornais estiveram ausentes das bancas.
O Sindicato dos actores apoiou a greve, considerando que o actual governo representa uma ameaça para a cultura e democracia.
Luta vai continuar
A greve geral concluiu o ciclo de acções iniciado com a grande manifestação, de 6 de Novembro, a que se seguiram greves regionais em três semanas consecutivas.
O êxito das greves regionais fazia prever a grande adesão ao protesto que teve lugar na passada segunda-feira.
«Nunca houve uma greve assim tão forte», afirmou Marie-Hélène Ska, secretária-geral da central cristã CSC.
Por seu turno, Marc Goblet, secretário-geral do sindicato socialista FGTB, mostrando-se aberto ao relançamento da concertação, avisou que caso o governo mantenha as suas intenções «não teremos outra alternativa senão definir um plano de ações a partir de Janeiro».
Os sindicatos contam com o apoio activo de mais de mil associações cívicas, reunidas na plataforma Hart boven Hard, cujos membros desfilaram de bicicleta nas grandes cidades belgas.
O plano de austeridade anunciado pelo governo do primeiro-ministro Charles Michel, em funções desde 11 de Outubro, visa reduzir a despesa em 11 mil milhões de euros em cinco anos.
A coligação governamental, que integra pela primeira vez no país os nacionalistas flamengos da Nova Aliança Flamenga (N-VA), pretende aumentar a idade mínima de reforma dos 65 para os 67 anos, suspender a actualização anual dos salários em função da inflação, desmantelar serviços públicos e a segurança social.
Os sindicatos prometem resistir.