Direita derruba sociais-democratas
O governo social-democrata sueco decidiu convocar eleições antecipadas para dia 22 de Março, após ver chumbado o seu projecto de Orçamento do Estado para 2015.
A proposta governamental apenas recolheu 153 votos, já que toda a oposição de direita se juntou somando 182 votos contra.
Vencedor das legislativas de 14 de Setembro, com 31,2 por cento dos votos, o partido social-democrata formou um governo minoritário com os Verdes, que estava em funções há menos de três meses.
Porém, o ascenso da extrema-direita, que duplicou a votação, obtendo 13 por cento e 49 deputados, desequilibrou os pratos da balança.
Formação xenófoba considerada de extrema-direita, os Democratas da Suécia dispõem de 49 deputados no hemiciclo, que se revelaram determinantes para a queda do executivo, mas tal não teria acontecido sem o apoio da Aliança conservadora.
A Aliança, coligação que reúne os quatro partidos de direita que governaram o país desde 2006 (conservadores, liberais, partido agrário e cristãos-democratas) opôs-se à proposta de orçamento que previa o aumento da despesa social em 2720 milhões de euros e a subida dos impostos.
Esta posição foi criticada pelo primeiro-ministro Stefan Löfven, segundo o qual a intransigência destes partidos significa que «permitem aos Democratas da Suécia ditar as suas condições na política sueca».
Após oito anos de privatizações e cortes na despesa pública, o governo de Stefan Löfven prometia uma viragem à esquerda, mas a julgar pelas sondagens poucos lhe deram crédito, talvez porque a relação de forças no parlamento fosse à partida favorável à direita.
Uma sondagem realizada em Novembro mostrava que apenas 29 por cento dos inquiridos aprovavam a actuação do actual governo, contra 43 por cento que afirmavam preferir os partidos da Aliança.
Os suecos vão ter, pois, as primeiras eleições legislativas antecipadas desde 1958.
O desfecho é uma incógnita, mas o mais provável é que nem a social-democracia nem a direita conservadora obtenham a maioria absoluta no parlamento.
A manter-se a votação nos Democratas da Suécia, os destinos do país continuarão a depender desta força política, que tem capitalizado o descontentamento das camadas mais desfavorecidas e permeáveis ao discurso anti-imigração.