Só contam se realizadas
No debate subordinado ao sexto eixo central da política patriótica e de esquerda, coube a José Barata-Moura realçar a actualidade de abordar a soberania e o interesse nacional. O filósofo e militante comunista começou por rejeitar uma discussão «para curiosidade intelectual», apontando a um diálogo com «acolhimento arrebatador na comutação das agulhas que é imprescindível operar».
Soberania e interesse nacional são, por isso, «exigências que ganharam estação como motor e em consequência de profundos e diversificados revolucionamentos, e é por isso que no âmbito alargado de uma ofensiva liberalista sem freio, são, apesar da cosmética, contra-revolucionariamente atacados».
«A soberania de um povo (...) é a expressão material do poder que configura a sua liberdade. Uma liberdade que, na raíz e de raíz, é autodeterminação», adiantou. Por seu lado, interesse nacional «traduz a própria conflitualidade dos interesses – económicos, sociais, culturais, políticos». É, assim, «um teatro de batalhas.»
E «se o terreiro é de luta, à luta há que ir», considerou ainda José Barata-Moura, para quem, no combate se devem juntar determinação e firmeza, «força organizada do braço» e o «saber onde bater para que uma transformação realmente advenha, se consolide e produza fruto.»
Aos que caluniam a defesa da soberania e do primado dos interesses nacionais, o também ex-reitor da Universidade de Lisboa advertiu que «reconhecer a relacionalidade não significa preconizar que a “maria” [Portugal] tenha de ir com as outras». Nem «erigir as outras, sem rosto mas com algibeira, num agigantado papão (que de facto muito gosta de papar) a que a “maria”, até ao tutano papada, tem que, embevecida e pateta, obedecer», salientou, antes de concluir que «é num seu processo de realização que soberania e interesse nacional contam. E para que contem, podem contar connosco.»