«Estado-cliente»
Aceitando «colaborar com o PCP na busca de soluções», o general Pezarat Correia trouxe ao debate pistas para analisar saídas para a actual situação do País.
Considerando a soberania «o exercício do poder interno» sem «reconhecer no exterior qualquer poder que se lhe sobreponha», e «independência nacional» a disposição «de capacidade de decisão autónoma quanto à definição e concretização dos interesses nacionais», entendidos enquanto «os grandes desígnios que devem ser preservados para salvaguardar a nação-comunidade», Pezarat Correia afirmou que a soberania integral está, de facto colocada em causa «quando por via da “ajuda” [da troika] se impõe sujeição».
Para Pezarat Correia, é também um facto que «não há independências absolutas», há, sim, «gestão das multidependências», e considerando «as várias etapas que Portugal foi percorrendo na integração europeia», o general inclinou-se a adoptar para o País a definição de «Estado-cliente».
«Estado-cliente» que na definição de Michael Handel, explicou, é aquele que «toma decisões com atenção aos desejos da grande potência. O «”Estado-cliente” «acaba por abdicar da sua soberania em função daquilo que sabe que são os interesses da grande potência que domina a aliança em que está inserido», insistiu.
Considerando a UE-Zona Euro «uma teia» em que nos armadilhámos, Pezarat Correia deixou interrogações, nomeadamente como e com quem promover a saída da moeda única, admitindo, no entanto, que o PCP não aponta uma solução súbita tipo «pronta a comer», mas um processo articulado com uma «estratégia solidária com outros povos europeus, concluiu.