Necessidade do nosso tempo
Uma centena de pessoas participou, no dia 2, em Pias, numa sessão pública evocativa dos 39 anos da publicação da Lei da Reforma Agrária, promovida pela Comissão Promotora da iniciativa «Reforma Agrária – Realização maior de Abril, necessidade do nosso tempo», constituída pela Associação Povo Alentejano, pela Cooperativa Cultural Alentejana, pela Casa do Alentejo e pela Cooperativa Agro-Alpiarça.
Nela intervieram José Baguinho, da Cooperativa Cultural Alentejana, José Augusto Moreira, presidente da Junta de Freguesia de Pias, Tomé Pires, presidente da Câmara de Serpa, Hermínia Vicente, trabalhadora e dirigente da UCP de Casebres, Fernando Oliveira Batista, ministro da Agricultura nos IV e V governos provisórios, e Abílio Fernandes, da Associação Povo Alentejano.
«No Conselho de Ministros, o então primeiro-ministro Vasco Gonçalves foi sempre um defensor da Reforma Agrária e dos operários agrícolas que a construíram», disse, na ocasião, Oliveira Batista, lembrando que tal intervenção tinha lugar num quadro em que dentro do governo provisório estavam forças que, como o PCP, empenharam-se na defesa da Reforma Agrária, e, como o PS, que, assim que tiveram condições, tomaram as medidas para a sua destruição, designadamente logo a partir do governo de Mário Soares, com a Lei Barreto.
Nas restantes intervenções, Hermínia Vicente deu a conhecer que antes da Reforma Agrária os trabalhadores não sabiam «quando se iam deitar, e se tinham trabalho na manhã seguinte», José Moreira avançou com os números da produção em 1976 e Tomé Pires referiu que no concelho de Serpa a Reforma Agrária criou dois mil postos de trabalho, quando a população era de 20 mil habitantes.
Abílio Fernandes, que encerrou a sessão, em nome da Comissão Promotora, salientou a necessidade da convergência da luta de massas, que já está a acontecer em numerosíssimos sectores da vida nacional, para criar as «condições para que se torne imperiosa uma nova lei da Reforma Agrária».