Os perigos da concentração
LUSA
A defesa de um sector da comunicação social «pluralista, democrático e responsável» é a melhor forma de contribuir para garantir a democracia, considera o PCP, que vê razões para preocupação face ao domínio do poder económico sobre os órgãos de comunicação social e ao crescente grau de concentração da propriedade dos mesmos.
«O quadro actual da concentração não está desligado da evolução recente dos media, caracterizada por um crescente predomínio do factor económico traduzido na constituição de grandes grupos plurimedia (incluindo imprensa, rádio, televisão e internet), na mercantilização da informação (é “boa” a notícia que “vende” bem) e suas consequências na cultura e na prática jornalísticas», caracterizou a deputada comunista Carla Cruz, falando no Parlamento num debate sobre transparência da propriedade dos meios de comunicação social.
São os últimos dados da ERC (2012) a ilustrar como hoje os grandes órgãos de informação estão nas mãos de um «punhado de grupos económicos», assinalou a deputada do PCP, referindo que apenas dois grupos (SONAE e ZON Multimédia) representavam então 73% do total dos activos e 69% do total do volume de negócios.
No que toca às relações laborais são também por demais conhecidas as consequências da concentração, com uma continuada destruição de emprego, precarização e fragilização, como ainda recentemente se viu pelo despedimento colectivo de 160 trabalhadores no grupo Controlinvest.
Daí que seja da máxima importância, como salientou Carla Cruz, a defesa da independência dos órgãos de comunicação face ao poder económico, impedindo, designadamente, a concentração monopolista de empresas de comunicação social.
Imprescindível, para o PCP, é que haja ainda a garantia dos direitos dos jornalistas e de outros profissionais de informação e o seu respeito pelos princípios éticos e deontológicos.
Garantias estas só possíveis de alcançar, porém, com outra política, como afirmou a deputada do PCP. Uma política, especificou, que pugne, a par de órgãos de informação privados, pela existência de um sector público de comunicação social (designadamente televisão, rádio e imprensa) que, «pelo seu estatuto constitucional e legal, seja independente do Governo, dos partidos e do poder económico e esteja especialmente vinculado à garantia do pluralismo e da expressão e confronto das diversas correntes de opinião».