Interjovem acusa UE e empresas

«Aliança» é precariedade

As grandes empresas associadas ao projecto «Aliança para a Juventude» fomentam a precariedade e a instabilidade dos vínculos laborais e da vida dos trabalhadores mais jovens, alertou a Interjovem.

Os jovens são postos a rodar entre desemprego e trabalho precário

A organização de juventude da CGTP-IN, numa nota que publicou na segunda-feira, dia 30, chamou a atenção para o grande peso dos estágios nos números que aquela iniciativa classifica como criação de emprego. No caso da Nestlé, fala-se na criação de 500 postos de trabalho, mas 250 (metade!) são estágios. No conjunto das treze empresas envolvidas, a Interjovem contabiliza oito mil estágios.

Fica assim demonstrado, com tal projecto, que as grandes empresas «recorrem aos vínculos precários para ocupar postos de trabalho permanentes, para facilitar o despedimento e os baixos salários», afirmando a Interjovem que elas «estão a despedir trabalhadores efectivos para substituí-los por trabalhadores em estágio ou com contratos a prazo».

Além do mais, apresentaram «lucros astronómicos» (Jerónimo Martins, mais de 380 milhões de euros; Sonae, 319 milhões de euros; Vodafone, mais de 220 milhões de euros; Portucel, 210 milhões de euros) e, «em nome da crise que só as beneficiou, rejeitam negociar aumentos salariais».

A Interjovem assinala que o projecto, no âmbito da UE, foi apresentado pela Nestlé no mesmo dia (23 Junho) em que teve lugar uma sessão pública sobre o programa do Governo «Garantia Jovem», o qual «na verdade, contém medidas para impulsionar ainda mais a precariedade e a exploração dos trabalhadores. No lançamento, na Fundação Champalimaud, estiveram o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro, o ministro do Trabalho e o presidente da Comissão Europeia, «seguramente para tentar passar a ideia de que “a coisa” é séria e para valer». Em Portugal, a «Aliança» envolve para já treze «parceiros nacionais»: BA Vidro, BPI, Eurogroup Consulting, Germen, GraphicsLeader, Jerónimo Martins, Logoplaste, Luís Simões, Portucel, RAR, Saica Pack, Sonae e Vodafone.

Durante a cerimónia, Durão Barroso defendeu estas «novas formas de promover a integração de jovens no mercado de trabalho», mas a Interjovem nota que elas «passam pela instabilidade laboral» para «colocar mão-de-obra a custo zero e pôr os portugueses sob uma espécie de escravatura dos tempos “modernos”, tendo como objectivo aumentar o lucro das grandes empresas à custa da exploração de quem trabalha».

Para contrariar «esta política que promove a precariedade e o desemprego e empurra os jovens para a emigração forçada» e também a «vergonhosa colocação dos jovens numa “roda-viva” entre o desemprego e os vínculos precários», a Interjovem reafirma o princípio de que a cada posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo efectivo.

Alertando que «a luta contra a precariedade efectiva-se com a unidade de todos os trabalhadores em defesa dos seus postos de trabalho, com o aumento da sindicalização e da reivindicação, pela luta concreta, em cada local de trabalho, e na luta geral», a Interjovem apela à participação na manifestação que a CGTP-IN promove no dia 10 de Julho.

Acampamento pela paz

A Interjovem/CGTP-IN, na qualidade de membro da Plataforma 40x25, integra a organização do Acampamento pela Paz, que este ano se realiza no Parque das Piscinas Municipais de Évora a 25, 26 e 27 de Julho. Centenas de jovens de todo o País, unidos pela defesa dos valores de Abril e da paz, terão oportunidade de partilhar experiências e de reforçar a confiança para os combates que se avizinham.

Para este fim-de-semana de luta e festa foram agendadas múltiplas actividades: debates sobre as conquistas da revolução e a luta pela paz contra o imperialismo; workshops; desporto, em que se inclui o torneio de futsal «Dá um chuto na NATO»; várias iniciativas culturais e dois concertos, com as bandas Diabo na Cruz e Bicho no Mato.

Há transportes organizados de vários pontos do País. Informa-te junto do teu sindicato ou em facebook.com/plataforma40x25.

 



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