Milhares em Lisboa exigem demissão e eleições

A luta abre caminho

No sábado, muitos milhares de pessoas compareceram na manifestação que a CGTP-IN promoveu em Lisboa, pela demissão do Governo e para pôr termo à política de direita. Ao anunciar um grande protesto nacional para 10 de Julho, Arménio Carlos sublinhou que «está nas nossas mãos e na nossa luta a possibilidade de abrir caminho a uma política de esquerda e soberana, que assegure ao povo e ao País um futuro de desenvolvimento, progresso e justiça social».

Até 10 de Julho vai alargar-se a mobilização popular

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O Secretário-geral da CGTP-IN concluiu o seu discurso no Rossio citando duas estrofes da «Jornada», de José Gomes Ferreira, e teve muitas «vozes ao alto» a acompanhar a leitura: «Unidos como os dedos da mão / Havemos de chegar ao fim da estrada / Ao sol desta canção».
A jornada de dia 21, precedida da grande manifestação do sábado anterior, no Porto, trouxe a Lisboa trabalhadores no activo, reformados e desempregados, mulheres e homens, jovens, do sector público e de empresas privadas, provenientes de distritos do Centro e do Sul. Pouco antes das 15h30, começaram a concentrar-se no Campo das Cebolas (Lisboa, Leiria, Santarém e Castelo Branco, bem como os sindicatos de professores da Fenprof) e no Cais do Sodré (Setúbal, Faro, Beja, Évora e Portalegre). Com dirigentes da central e das uniões distritais à cabeça, logo seguidos de activistas da Interjovem, duas colunas avançaram para o Rossio, subindo as ruas da Prata e do Ouro.
Nas palavras de ordem gritadas, nas faixas e nos cartazes, o Governo e a sua política foram os alvos mais visados. Isso voltou a verificar-se nas reacções a passagens da intervenção de Arménio Carlos, ouvindo-se vaias e apupos de cada vez que era feita referência a Passos Coelho e Paulo Portas, mas também ao Presidente da República.
«Os êxitos deles são proporcionais ao retrocesso económico e social em que vivem milhões de portugueses», criticou o dirigente da Intersindical, enumerando consequências da política que desmentem os sucessos prometidos ou até celebrados. Arménio Carlos lembrou que «a obsessão pelo cumprimento do Tratado Orçamental e pela redução do défice põe em causa direitos fundamentais dos trabalhadores e do povo, semeia o empobrecimento e acentua a exploração». Assim, «o crescimento de que falam tornou-se na maior recessão acumulada desde a 2.ª Grande Guerra», «o emprego prometido acabou em desemprego massivo e na emigração forçada de centenas de milhares de portugueses», «a política assistencialista e caritativa deixou a maioria dos desempregados sem protecção social» e «a dívida, em vez de baixar, aumentou e tornou-se impagável».

Não cede
e resulta

«Esta grande manifestação, uma semana depois da grande acção que realizámos no Porto, é ilustrativa do clamor que percorre o País, exigindo o fim da política de direita», tinha começado por notar Arménio Carlos, saudando «todos os homens e mulheres que dão força a uma luta que não cede perante a prepotência e o autoritarismo e que ganha, a cada dia que passa, uma motivação acrescida para pôr termo a este pesadelo de três anos de governação PSD/CDS».

Apontou alguns exemplos de como esta luta «tem resultados»:

– a manutenção das 35 horas semanais na maioria das autarquias e, mais recentemente, na Universidade do Algarve;
– o aumento dos salários em inúmeras empresas do sector privado;
– a criação de emprego, como aconteceu, há duas semanas, na Câmara Municipal de Lisboa;

– a reposição dos salários no sector público e empresarial do Estado;
– as 611 sentenças que condenam o Governo ao pagamento das compensações aos professores pela caducidade dos contratos individuais.

O Secretário-geral da Inter sublinhou que «esta é a marca deste projecto sindical, que ausculta e esclarece, que organiza e mobiliza, que protesta e reivindica, que luta e conquista». 

 

Convergir para dia 10

Da manifestação saiu um apelo à mobilização dos trabalhadores na aprovação de pareceres contra as propostas de lei que visam destruir a contratação colectiva e prolongar a redução do pagamento do trabalho suplementar (que deverão ser discutidas amanhã em plenário parlamentar, encerrando o período de apreciação pública).
O Plenário Nacional de Sindicatos, convocado para ontem, na Voz do Operário, em Lisboa, inscreve-se na organização e dinamização de «uma das maiores acções de sensibilização dos trabalhadores», pela defesa dos direitos e da contratação colectiva, pela melhoria dos salários e das pensões e pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública democrática e inclusiva e da Segurança Social pública, universal e solidária.
Estes, como adiantou Arménio Carlos no Rossio, serão também os objectivos centrais de uma grande manifestação nacional, que a CGTP-IN vai convocar para Lisboa, a 10 de Julho.
Na resolução, aclamada no final do comício sindical, a Inter apelou à «convergência de todos os portugueses que não se rendem à ingerência estrangeira nem à política de terrorismo social», para «intensificarem a luta de massas» e para marcarem presença nesta manifestação nacional, «dando expressão à vontade dos trabalhadores e do povo de pôr termo a este Governo ilegítimo, exigindo a sua demissão, a convocação de eleições antecipadas e a ruptura com a política de direita, por uma política de esquerda e soberana».

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