O jogo da política de direita

Manuel Rodrigues

Acossados pelo medo de uma iminente derrota eleitoral, os partidos do Governo recorrem a tudo para evitar o inevitável afundamento. Como se se tratasse de um jogo de box, organizaram a ofensiva em vários round na esperança de vencer o povo, que é o mesmo que dizer convencê-lo a votar contra os seus próprios interesses.

1.º round – a formação da« Aliança Portugal»: procurando apresentar-se como verdadeiros patriotas com a missão de salvar Portugal. 1.ª derrota: o povo português já percebeu que, pela sua natureza e objectivos, a grande missão da aliança é salvar o capital;

2.º round – a campanha ideológica: começou pela manipulação estatística (economia a crescer, desemprego a baixar, bla, bla...), invocou as boas avaliações da troika (Portugal no bom caminho, objectivos atingidos, bla, bla...), inventou a «saída limpa» (a reconquista dos mercados, o fim da austeridade, bla, bla...). 2.ª derrota: o povo já percebeu que, para lá da propaganda demagógica, o que temos é mais roubo e agressões;

3.º round – o silenciamento ou apagamento das propostas da CDU: fazendo passar a ideia de que não há alternativa a esta política (ora, se não tem alternativa, é inevitável, como diria La Palice). 3.ª derrota: cada vez mais portugueses vão percebendo que há uma alternativa patriótica e de esquerda que só requer um governo capaz de a executar;

4.º round – a encenação: conferências de imprensa a esmo, poses de Estado e, agora, até um Conselho de Ministros extraordinário para aprovar um documento de estratégia de médio prazo, pretexto para a solene celebração do fim do pacto de agressão. 4.ª derrota: o povo já percebeu que, com esta política, a seguir a esta troika novas troikas hão-de vir, para continuar a acção de pilhagem;

5.º round – a ajudinha do PR e do PS: o primeiro, a apelar à grande convergência nacional, o segundo manifestando abertura para entendimentos à direita. 5.ª derrota: o povo já conhece os tristes resultados dos 37 anos de convergência do PS com o PSD e o CDS na realização da política de direita;

6.º round – a ajuda externa: é tal o desespero, que o BCE decidiu dar uma ajudinha com uma conferência em Portugal em pleno dia de eleições. KO: pelo voto na CDU e pela luta, mais cedo ou mais tarde, tornar-se-á inevitável a derrota deste Governo, a ruptura com esta política e uma alternativa para Portugal.

 



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