Igualdade, não à austeridade
Dezenas de milhares de pessoas (100 mil segundo os organizadores) desfilaram no sábado, 12, em Paris, «Contra austeridade, pela igualdade e a partilha das riquezas»
Protesto unitário contesta políticas de regressão social
A jornada unitária foi convocada pelos partidos da Frente de Esquerda, pelo Novo Partido Anticapitalista (NPA) e pelos ecologistas, bem como por uma multiplicidade de associações e movimentos, centrais sindicais, CGT e Solidaires entre outras, contando com o apoio de duas centenas de personalidades da cultura, artes e desporto.
Ao todo mais de 40 organizações apelaram à manifestação, durante a qual se leu e ouviu um longo rol de reivindicações sociais, dirigidas ao governo e ao presidente francês, resumidas na faixa que encabeçou o desfile: «Agora já basta!».
O apelo da manifestação responsabiliza as políticas de austeridade pelo agravamento do clima social, que as forças da direita e extrema-direita aproveitam para promover o ódio, a intolerância e racismo.
As consequências dos cortes sociais traduzem-se «no desmantelamento dos serviços públicos, em ataques aos direitos sociais, na subida do desemprego e alastramento da precariedade», atingindo em particular os jovens, os trabalhadores e os reformados».
Mas, assinala ainda o texto, «as desigualdades aprofundam-se enquanto as grandes empresas distribuem aos seus accionistas dividendos indecorosos».
O recuo geral dos direitos (à educação, ao emprego, a um rendimento decente) é acompanhado pelo aumento da «repressão que se abate em primeiro lugar sobre os imigrantes indocumentados e os ciganos», sublinha o apelo.
Em vez das políticas de esquerda prometidas pelos socialistas para combater a crise, os promotores do protesto constatam «as cedências do governo perante as exigências do patronato e da direita em matéria social».
Assim, ao mesmo tempo que o patronato é presenteado com 35 mil milhões de euros através da redução das contribuições sociais, o governo compromete-se a reduzir a despesa pública em 50 mil milhões de euros.
Estes cortes vão mais uma vez incidir sobre a segurança social e os serviços públicos, mas também sobre as autarquias locais já asfixiadas, as associações e o mundo da cultura.
Tal é o conteúdo do «pacto de responsabilidade» que Hollande pretende tornar no coração da sua política, e contra o qual as forças à esquerda prometem continuar um combate firme.