Ainda as Jornadas Parlamentares do PCP e a política alternativa

Responder aos problemas

O PCP propôs ao Par­la­mento que re­queira ao Tri­bunal de Contas uma au­di­toria aos be­ne­fí­cios fi­cais con­ce­didos em todos os im­postos desde 2011. Esta ini­ci­a­tiva, apro­vada nas suas Jor­nadas, jus­ti­fica-se face à au­sência de uma ex­pli­cação cabal do pri­meiro-mi­nistro e do Go­verno para a ocul­tação, na Conta Geral do Es­tado de 2012, de be­ne­fí­cios fis­cais con­ce­didos a SGPS no valor de 1045 mi­lhões de euros.

Anun­ciado pelo líder par­la­mentar do PCP João Oli­veira, na apre­sen­tação das con­clu­sões das Jor­nadas no dia 18, foi o pro­pó­sito, caso o PR não use as suas prer­ro­ga­tivas cons­ti­tu­ci­o­nais, de sus­citar a fis­ca­li­zação su­ces­siva da cons­ti­tu­ci­o­na­li­dade do Or­ça­mento Rec­ti­fi­ca­tivo.

A re­po­sição do ho­rário de tra­balho de 35 horas se­ma­nais para os tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração pú­blica, re­du­zindo pro­gres­si­va­mente até esse li­mite o ho­rário de tra­balho dos res­tantes tra­ba­lha­dores, é igual­mente ob­jecto de uma pro­posta do PCP.

Des­taque, noutro plano ainda, me­rece o con­junto de me­didas con­cretas a constar em pro­jecto de re­so­lução com vista a uma in­ter­venção ur­gente nas áreas cos­teiras onde as re­centes in­tem­pé­ries pro­vo­caram ele­vados es­tragos, como é o caso da Costa da Ca­pa­rica.

Também a si­tu­ação dos pes­ca­dores e pe­quenos ar­ma­dores, im­pe­didos du­rante se­manas a fio de ir à faina, não passou ao lado das Jor­nadas. Ficou de­ci­dido apre­sentar um pro­jecto de lei para al­terar o Fundo de Com­pen­sação Sa­la­rial, agi­li­zando e ade­quando aquele que é o único re­curso dos pes­ca­dores.

Já quanto à agri­cul­tura, pe­rante a va­cui­dade dos ale­gados de­síg­nios em torno do mar e da agri­cul­tura, que não passa de «pro­pa­ganda vazia de con­teúdo e de acção po­lí­tica», o que se impõe, na pers­pec­tiva do PCP – e nesse sen­tido aponta o con­junto de re­co­men­da­ções sobre a apli­cação em Por­tugal das novas re­gras da PAC - é a de­fesa e va­lo­ri­zação da agri­cul­tura fa­mi­liar e a pro­dução na­ci­onal.

Eli­tizar en­sino

A de­gra­dação do En­sino Spe­rior pú­blico e a per­versão da sua função so­cial e es­tra­té­gica, com des­va­lo­ri­zação do En­sino Su­pe­rior po­li­téc­nico (de que é exemplo a in­tenção de criar «cursos pro­fis­si­o­nais téc­nicos su­pe­ri­ores») con­firma, por sua vez, a aposta do Go­verno na «pro­fis­si­o­na­li­zação do en­sino, no apro­fun­da­mento do Pro­cesso de Bo­lonha e na es­tra­ti­fi­cação do acesso ao co­nhe­ci­mento e aos mais ele­vados graus de en­sino con­so­ante as con­di­ções eco­nó­micas e so­ciais dos es­tu­dantes», como su­bli­nham as con­clu­sões das Jor­nadas. A jus­ti­ficar, pois, o pe­dido da ban­cada co­mu­nista para que o mi­nistro da Edu­cação e Ci­ência com­pa­reça na AR para es­cla­recer os ob­jec­tivos das me­didas anun­ci­adas e ser con­fron­tado com as con­sequên­cias das suas op­ções no sis­tema de En­sino Eu­pe­rior.

Face à ine­xis­tência de ga­ran­tias de cum­pri­mento dos com­pro­missos plu­ri­a­nuais do Es­tado para com as es­tru­turas de cri­ação ar­tís­tica, re­alce ainda para a pro­posta que prevê a re­a­li­zação dos con­cursos pon­tuais e anuais, bem como de um en­qua­dra­mento mais justo para os con­cursos plu­ri­a­nuais, ga­ran­tindo que a arte ex­pe­ri­mental e de in­ves­ti­gação tenha os apoios ne­ces­sá­rios por parte do Es­tado, sem que isso im­plique um pre­juízo para as com­pa­nhias de re­per­tório».

Ci­ente de que o fecho de tri­bu­nais cons­titui mais um passo para o em­po­bre­ci­mento e a de­ser­ti­fi­cação do in­te­rior do País, o PCP anun­ciou já a in­tenção de sus­citar a apre­ci­ação par­la­mentar do di­ploma sobre o mapa ju­di­ciário logo que este seja pu­bli­cado, dando assim con­sequência à sua opo­sição ao en­cer­ra­mento e des­gra­du­ação dos tri­bu­nais.

Contra a fúria pri­va­ti­za­dora, as­su­mido pela ban­cada co­mu­nista foi já também o com­pro­misso de su­jeitar à apre­ci­ação par­la­mentar o de­creto-lei que es­ta­be­lece a pri­va­ti­zação da Em­presa Geral do Fo­mento (a sub-hol­ding das Águas de Por­tugal para o sector dos re­sí­duos), vi­sando travar o pro­cesso.

 



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