e mudar de Governo e de política
A hora é de luta
«Se o ataque é brutal, a resposta esteve à altura», concluiu a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, a propósito da grande greve de dia 8, reiterando que «a hora é de luta, pelo chumbo do Orçamento do Estado, contra as políticas de direita, pelo derrube deste Governo e a marcação de eleições antecipadas».
A ofensiva brutal exige resposta à altura
Ao final do dia de greve nacional, a Frente Comum saudou, em comunicado, todos os trabalhadores que, «mesmo perdendo um dia de salário nas suas remunerações já tão roubadas», demonstraram «ao Governo e à “troika” que não aceitam mais roubos e mais ataques aos seus direitos e postos de trabalho».
Na proposta de OE para 2014, são penalizados, «uma vez mais e de uma forma tão injusta quanto inaceitável, os trabalhadores e aposentados da Administração Pública». Estes próximos roubos nos salários e pensões seguem-se a uma ofensiva de vários anos, contra os direitos, flexibilizando vínculos, empurrando milhares de pessoas para o despedimento e a reforma. «Mas, se o ataque é brutal, a resposta esteve à altura», no dia 8, pois «os trabalhadores pararam os serviços públicos, que encerraram em cidades como Loures, Braga, Setúbal, Almada, Palmela». A Frente Comum deu nota de níveis médios de adesão entre 70 e 100 por cento.
Na Administração Local, é sublinhada a adesão total nas câmaras municipais de Évora, Porto, Portalegre, Moita, Setúbal, Almada, Alcochete, Montijo, Viana do Castelo, Funchal. A cem por cento aderiram à greve trabalhadores da recolha de resíduos sólidos, levando à paralisação de muitos serviços. A Frente Comum refere ainda a adesão de bombeiros, que foi de 97 por cento no Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa.
Na Saúde, destaca-se a adesão total dos assistentes operacionais nos hospitais de Aveiro, Águeda, São Sebastião (Feira), São João da Madeira e Covões, Viseu, Tondela, Serpa, Beja, Outão, S. José, Torres Novas, Matosinhos, Padre Américo (Porto), Santo António, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, nas maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, no IPO de Coimbra, tal como em «muitos outros hospitais, com adesões superiores a 80 e 90 por cento».
Entre os enfermeiros, segundo o SEP/CGTP-IN, os níveis de adesão nos hospitais estiveram acima dos 65 por cento nos três turnos.
O encerramento de centenas de escolas e jardins-de- infância é assinalado no comunicado da Frente Comum. A Fenprof, por seu turno, afirmou que «centenas de escolas estão encerradas ou sem aulas, milhares de professores, educadores e investigadores estão em greve, nas maiores localidades do País, para a maioria dos alunos, hoje é um dia sem aulas».
A greve fez-se sentir igualmente na Justiça, na Segurança Social e nas Finanças, estimando a Frente Comum que a adesão nestes sectores terá sido próxima de 70 por cento. Merecem especial referência os serviços da Segurança Social no Areeiro (80 por cento), em Oeiras e Castelo de Paiva (cem por cento), e no Centro Nacional de Pensões (70 por cento).
Com os utentes
A Frente Comum e os sindicatos realçaram que a greve de dia 8, ao defender a Administração Pública e as funções sociais do Estado, converge com os interesses dos utentes dos serviços públicos e de todos os cidadãos, atingidos pelo encerramento de escolas, serviços de Finanças, tribunais, hospitais, juntas de freguesia.
À entrada do Hospital de Aveiro, durante a manhã da greve, concentraram-se dirigentes sindicais e activistas da recém-criada Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, para assim evidenciarem que estão juntos pela defesa do Serviço Nacional de Saúde e pretendem convergir em futuras acções.
Num folheto distribuído à população, sobre as razões da greve, a Frente Comum alertou para novas ameaças aos serviços públicos, uma vez que a proposta de Orçamento preconiza nova redução, de 973 milhões de euros, em três áreas: Educação (menos 467 milhões), Saúde (271 milhões de euros) e Segurança Social (235 milhões).
Na direcção do desmantelamento e destruição dos serviços públicos vai também a «reforma do Estado», cujo «guião» foi divulgado uma semana antes da greve .
Disponíveis para continuar
Com a greve, os trabalhadores da Administração Pública «rejeitaram claramente a política de direita que o Governo PSD/CDS lhes quer impor e mostraram a sua disponibilidade para continuar a lutar contra o aumento do horário de trabalho, contra a redução de salários e em defesa dos serviços públicos de qualidade», comentou a União dos Sindicatos de Setúbal, assinalando que no distrito a paralisação alcançou «das maiores adesões de sempre».
Tal como as demais estruturas do movimento sindical unitário, a USS/CGTP-IN deixou já o apelo para uma participação em massa no «dia nacional de indignação, protesto e luta», a 26 de Novembro, tanto nas acções que estão a ser organizadas em muitos concelhos, como para a concentração frente à Assembleia da República, pelas 10 horas, quando da votação final global do OE.
Persistência nos transportes
Com uma grande manifestação em Lisboa, da Praça Luís de Camões até ao Ministério das Finanças, os trabalhadores no activo e reformados dos transportes e comunicações concluíram no sábado, dia 9, uma quinzena de lutas. A Fectrans/CGTP-IN, numa nota que publicou ao início dessa noite, observou que «os manifestantes trouxeram para a rua o protesto, a luta e a resistência que se tem desenvolvido no interior das empresas, assim como a ampla unidade na acção que se tem construído».
O Governo «quer acabar com um serviço público de transporte e comunicações, para todos, para o transformar num negócio, só para alguns» e, para isso, «ataca trabalhadores, reformados e utentes». A manifestação e a quinzena de luta fecharam um ciclo de luta, mas a federação garante que «a acção dos trabalhadores e reformados prosseguirá, enquanto o Governo insistir numa política de destruição do País».
Nos dias 19 e 21, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa realizam greves parciais. Para dia 25 está marcada greve de 24 horas na Transtejo.
Nos CTT vai haver greve e uma manifestação nacional, no dia 29, convocada por cinco sindicatos, com o apoio da CT. Estão também marcadas greves para 27, 30 e 31 de Dezembro.
Entre 29 de Novembro e 6 de Dezembro, vai decorrer uma semana de lutas, paralisações e greves, contra o roubo dos salários, inscrito no OE e no Decreto-Lei 133/2013, decidiram organizações de trabalhadores dos transportes e comunicações, reunidas dia 8.
No âmbito da quinzena de luta, houve um plenário de reformados do Metro (cujos participantes se deslocaram depois ao Ministério da Economia), no dia 7; greve de 24 horas, no Grupo Refer, dia 6; greve de oito horas e plenário na STCP (Porto), dia 7; greves de 24 horas na CP e na CP Carga, dia 7; paralisação e plenário na Carris, dia 7, também com a participação de reformados; greves de duas horas na EMEF, com plenários no Porto, Entroncamento, Lisboa e Barreiro, no dia 5; entre os dias 3 e 9, os trabalhadores da Soflusa fizeram greves de três horas por turno.