O PCP, os católicos e a Igreja
Sob o lema «O Partido Comunista Português, os Católicos e a Igreja», realizou-se no dia 9, em Joane – Vila Nova de Famalicão –, uma sessão pública integrada nas comemorações do centenário de Álvaro Cunhal, com o objectivo de contribuir para aprofundar o estudo da relação do Partido com a Igreja e com os católicos, e fazer avançar o debate e a convergência de posições entre trabalhadores de diferentes convicções. Na iniciativa, em que participaram mais de 70 pessoas, que encheram por completo o auditório da Junta de Freguesia, intervieram o activista católico e ex-deputado à Assembleia Constituinte Adelino Carvalho; a militante da Liga Operária Católica e dirigente da CGTP-IN Deolinda Machado; o membro do Comité Central Edgar Silva; e Carlos Gonçalves, da Comissão Política do Comité Central.
A encerrar o debate, Carlos Gonçalves lembrou que o PCP «defende desde sempre o respeito pela liberdade religiosa e de culto, como aliás estabelece a Constituição da República, de que o Partido foi empenhado fundador», e da qual é, hoje, o mais «coerente e determinado defensor». Recordando que Álvaro Cunhal reflectiu e escreveu sobre estas questões desde, pelo menos, 1947, o membro da Comissão Política lembrou que o PCP considera que as convicções religiosas «não alteram a posição de classe na sociedade capitalista de cada crente em concreto, nem implicam contradições com um programa social e político progressista, mas, pelo contrário, os interesses dos operários, (...) muitos deles católicos, estão em contradição insanável com os respectivos capitalistas, alguns dos quais também católicos».
Carlos Gonçalves lembrou as afirmações de Álvaro Cunhal, de 1965, em que deixava aos católicos uma reflexão: «quem são aqueles que estão mais perto dos pobres, porque também são pobres, (…) defendem os humilhados e ofendidos, as vítimas da exploração, da tirania e do mal, (…) que são perseguidos, torturados, lançados longos anos nas prisões, (…) assassinados por vezes, e só não são lançados às feras do circo, onde saberiam morrer, porque os fascistas descobriram outros métodos de matar?»