Gdeim Izik na luta
Marrocos reprimiu um protesto saaráui convocado para assinalar o terceiro aniversário do desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik. Nos cárceres, os presos cumpriram uma greve de fome de 24 horas.
A 6 de Novembro cumpriram-se 38 anos sobre a ocupação marroquina
A manifestação pacífica realizada na noite de sexta-feira, 8, na capital do Saara Ocidental, foi interrompida com brutalidade pelas autoridades marroquinas, que desde as primeiras horas da manhã mantinham El Aaiún sitiada, noticiou a agência de notícias saaráui, que veicula informações divulgadas pelo Ministério dos Territórios Ocupados.
De acordo com a mesma fonte, as forças ocupantes deslocaram um forte contingente policial e militar para a cidade, lançando-o contra os populares quando estes entoaram palavras de ordem em defesa da autodeterminação, exigindo o respeito pelos direitos humanos e a libertação dos presos políticos. A 6 de Novembro cumpriram-se 38 anos sobre a ocupação marroquina do território.
Já esta segunda-feira, 19 dos 23 presos políticos saaráuis condenados, em Fevereiro de 2012, por um Tribunal Militar de Marrocos, a penas entre os 20 anos de cadeia e a sentença perpétua na sequência da revolta de Gdeim Izik, cumpriram uma greve de fome de 24 horas. A iniciativa teve como objectivo alertar para o perigo de vida que enfrenta um dos encarcerados, Laroussi Abdeljalil, e para «os maus-tratos a que estamos todos sujeitos».
Segundo a Coordenadora Estatal de Solidariedade, citada pela Europa Press, o estado de saúde de Abdeljalil degradou-se em consequência das torturas que sofreu durante os interrogatórios, por isso os seus companheiros de cela apelam a todos os organismos e associações de direitos humanos, assim como ao movimento de solidariedade para com o Saara Ocidental, para que intervenham e pressionem o governo de Rabat, reclamando-lhe que garanta a assistência médica a Laroussi Abdeljalil e aos restantes presos e respeite os seus direitos.
O acampamento de Gdeim Izik foi montado nos arredores de El Aaiún, no início de Outubro de 2010, em protesto contra a ocupação do Saara Ocidental, e durou até 8 de Novembro, quando Marrocos desalojou com extrema violência os mais de 20 mil saaráuis que ali se encontravam.