Crime organizado, corrupção e branqueamento

Intenções não bastam

Um relatório aprovado, dia 23, pelo Parlamento Europeu, constata que a criminalidade organizada, a corrupção e o branqueamento de capitais causam avultados prejuízos aos estados.

A fraude fiscal desvia um bilião de euros por ano

Image 14430

O documento votado pelos deputados cifra em 3600 o número de organizações criminosas internacionais que operam na União Europeia.

Parte destas organizações está ligada ao tráfico de seres humanos, fenómeno que afecta todos os estados-membros e gera lucros anuais que ascendem a 25 mil milhões anos de euros.

Assim, o relatório calcula que o número total de trabalhadores forçados nos estados-membros se eleve a 880 mil, 270 mil dos quais são vítimas de exploração sexual, na maioria mulheres.

Por seu lado, estimativas da Comissão Europeia revelam que os custos da corrupção na UE ascendem a cerca de 120 mil milhões de euros por ano, ou seja, 1,1 por cento do PIB da UE. Em termos mundiais, a corrupção representa cinco por cento do PIB do planeta (2,6 biliões de dólares), sendo que um montante superior a um bilião de dólares é utilizado anualmente para suborno. A corrupção representa ainda dez por cento dos custos totais da actividade empresarial à escala mundial e 25 por cento do custo dos contratos públicos nos países em desenvolvimento.

Os lucros gerados por actividades ilegais ascenderam a cerca de 3,6 por cento do PIB mundial e os fluxos de dinheiro branqueado em todo o mundo cifram-se actualmente em cerca de 2,7 por cento do PIB mundial.

A fraude fiscal, evasão fiscal, elisão fiscal e o planeamento fiscal agressivo serão responsáveis pela perda anual do «escandaloso montante» de um bilião de euros de potenciais receitas, o que, salienta o relatório, representa um custo anual de cerca de «dois mil euros para cada cidadão europeu».

Em 2011, perdeu-se um montante de 193 mil milhões de euros de potenciais receitas fiscais (1,5% do PIB) devido a incumprimento ou a não-cobrança, enquanto os custos da corrupção em contratos públicos, em 2012, situaram-se entre 1,4 e 2,2 mil milhões de euros, em apenas oito estados-membros.

Embora destacando alguns aspectos positivos defendidos no relatório, a deputada do PCP, Inês Zuber, lamentou que a maioria do PE tenha aproveitado este relatório para retirar mais «competências que estão no cerne da soberania dos estados», notando ainda que «nenhuma medida é proposta para atacar a "livre" circulação de capitais e os fenómenos de corrupção, criminalidade organizada e branqueamento de capitais que por essa via continuam a florescer».



Mais artigos de: Europa

Defender o emprego

Milhares de agricultores, pescadores, empresários, comerciantes e funcionários públicos manifestaram-se, sábado, 2, em Quimper, Oeste da França, contra o declínio económico da região.

Dívida pública é maná para a banca

Após ter beneficiado de vultuosas ajudas públicas, que fizeram disparar as dívidas dos estados, a banca está hoje a aumentar os seus lucros precisamente à custa dessa dívida de que foi a principal causadora. Esta é pelo menos a conclusão de um estudo da empresa...

Falência da Fagor ameaça 10 mil empregos

A falência iminente da Fagor Electrodomésticos, empresa cooperativa fundada em 1956 no País Basco (Espanha), põe em risco dez mil postos de trabalho, directos e indirectos, assim como poupanças de dez mil pequenos investidores que apostaram na marca. Considerada a empresa mais...

Neonazis húngaros erguem busto a Horthy

Mais de meio milhar de antifascistas protestaram, no domingo, 3, em Budapeste, contra a inauguração de um busto a Miklós Horthy, regente do reino da Hungria entre 1920 e 1944 e aliado de Hitler na II Guerra Mundial. Os manifestantes expressaram a sua indignação colocando estrelas...

O «Semestre Europeu» e o PS

O que é o «Semestre Europeu»? Nas palavras de quem o criou: um ciclo de coordenação das políticas económicas e orçamentais na União Europeia. Centra-se no período dos primeiros seis meses de cada ano e por isso se chama «semestre»(1). A...